Foram quatro meses de investigação para que o resultado pudesse ser conhecido pela sociedade alagoana: cinco pessoas presas, centenas de documentos fictícios apreendidos, dinheiro falsificado recolhido, equipamentos longe do poder dos criminosos e uma quadrilha desbaratada pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE). O resultado desse trabalho, que contou com a parceria do setor de inteligência da Polícia Militar e do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi apresentado na tarde desta segunda-feira (05) à imprensa. As investigações ainda apontam que gerentes de bancos podem estar envolvidos com a organização criminosa, que, dentre outras coisas, também possui integrantes que falsificam notas fiscais para prefeituras do interior de Alagoas. Essa foi a maior apreensão de documentos falsos da história do Estado.
A operação deflagrada hoje prendeu Givaldo Antônio Soares, detido no Pinheiro; João Alves Bitu Filho, preso no Benedito Bentes; Oliveira de Carvalho Costa, que foi detido em seu apartamento na Ponta Verde e portava 29 carteiras de identidade falsas em seu nome; José Arnaldo Costa Filho, que se apresentou ao Ministério Público Estadual depois de saber da prisão dos outros membros do bando e, uma quinta pessoa, que não será identificada, pelo menos, por enquanto. Ela é acusada de falsificar notas fiscais para prefeituras do interior do Estado e seu nome será mantido em sigilo porque ela vai contribuir com as investigações.
Também foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão. Todos eles, inclusive os de prisão, foram expedidos pela 17ª Vara Criminal da Capital.
Quadrilha dividia tarefas
A organização criminosa não tinha uma hierarquia determinada e seus integrantes dividiam as tarefas. “Cada um era responsável por um tipo de falsificação. Havia aquele que forjava Rgs e CPFs, outros, faziam o mesmo as com as certidões de nascimento, casamento e óbito. Inclusive, possuíam os selos e carimbos dos cartórios. Também existiam os bandidos que falsificavam dinheiro e talonários de cheques e ainda clonavam cartões de crédito”, detalhou o promotor de Jusitça Alfredo Gaspar de Mendonça, coordenador do Gecoc.
De acordo com Alfredo Gaspar, a quadrilha também falsificava documentos para conseguir contrair empréstimos. “Já descobrimos, inclusive, que há gerentes de bancos envolvidos no esquema. Eram coniventes porque sabiam que os criminosos estavam fazendo dívida em nome de uma terceira pessoa inocente na história e, ao dinheiro ser liberado, era repartido com eles. Esses gerentes serão ouvidos pelo Gecoc e vão responder pelo crime, caso consigamos comprovar tudo”, detalhou o promotor.
Na operação também foram apreendidos quatro veículos de luxo, vários computadores, dezenas de celulares, oito maquinetas de cartão de crédito e uma pistola.
Notas fiscais falsas
As investigações a respeito da organização criminosa desbaratada nesta segunda-feira começaram com um outro objetivo: descobrir escritórios de contabilidade que falsificam documentos e notas fiscais para prefeituras do interior do Estado. Ao dar início à apuração, o Gecoc acabou descobrindo que o bando era mais organizado do que se tinha ideia. “A falsificação não era apenas de notas fiscais, mas, sim, de todo tipo de documento. Prendemos parte da quadrilha e, uma quinta pessoa, que lida diretamente com o crime de falsificar notas, vai colaborar com as investigações que continuam no tocante ao fornecimento desse material para que as prefeituras possam fraudar licitações e compras e desviar recursos públicos”, acrescentou o coordenador do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas.
As pessoas detidas foram ouvidas pelo Gecoc, vão ser submetidas a exame de corpo de delito e, em seguida, serão encaminhadas à Casa de Custódia da Polícia Civil.