A população do bairro do Vergel do Lago e de comunidades vizinhas aceitaram o convite do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), que realizou, nesta quarta-feira (8), a celebração do Dia Internacional da Mulher na zona sul de Maceió, cujo tema em 2017 foi “A luta da mulher por melhores condições de vida e trabalho”. O evento foi organizado pelo programa Ministério Público Comunitário e pela 38ª Promotoria de Justiça da Capital, com o apoio da Procuradoria Geral de Justiça.
Uma série de atividades marcou o evento. Oficinas, apresentações culturais, oferta de serviços públicos, atendimento para mediação de conflitos e campanhas sobre os direitos da mulher e contra o descarte irregular de lixo envolveram o público presente. Destaque para a presença do músico Igbonan Rocha e do humorista Marlon Rossy, que se apresentaram na Praça da Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.
“Na condição de procurador-geral de Justiça, estou aqui para agradecer a população do bairro Vergel do Lago por abraçar o programa MP Comunitário. Para isso, duas pessoas foram fundamentais: os promotores de Justiça Cláudio Malta e Maria José Alves, que, junto à sua equipe técnica, que tem uma psicóloga e uma assistente social, e aos mediadores comunitários, orgulham todos nós. O Ministério Público do século 21 deve buscar a parceria com a população, pois trabalha para o povo. Por meio da mediação comunitária, queremos construir uma cultura de paz. Esperamos que essas composições impeçam conflitos com violência”, disse o chefe do MPE/AL, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto.”, disse o chefe do MPE/AL, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto.
Para o promotor de Justiça Cláudio Malta, o MP Comunitário tem uma importante história de luta e perseverança na comunidade onde atua: “Ao longo desta trajetória, muitas lideranças comunitárias foram identificadas e formadas para atuar buscando melhorar o território. As ações do dia 8 de março refletem esse contexto de lutas. A dedicação de técnicos tão comprometidos, como são a assistente social Jediane Freitas e a psicóloga Luciana Dantas, e o esforço de todos os mediadores de conflito que atuam no Vergel do Lago vêm produzindo uma ação transformadora extremamente relevante”, comemorou.
“Com o programa MP Comunitário, o Ministério Público buscou ouvir a comunidade para conhecer, a partir dela, soluções referentes aos problemas locais. Eu acredito no empoderamento da sociedade e na mudança social. Recentemente, muitas mudanças ocorreram no Vergel, mas elas não se deram apenas em decorrência da presença do programa. O protagonista desta transformação é a própria comunidade, por meio agentes comunitários”, frisou a promotora de Justiça Maria José Alves, coordenadora-adjunta do programa.
Além dos coordenadores e da equipe técnica do programa, prestigiaram o evento o subprocurador-geral Administrativo-Institucional, Márcio Roberto Tenório; as promotoras de Justiça Adilza Ignácio e Sandra Malta, pela Associação do Ministério Público de Alagoas (Ampal); e o assessor especial da Procuradoria Geral de Justiça, promotor de Justiça Flávio Costa. Também estiveram presentes na atividade o juiz Maurílio Ferraz, o delegado da Receita Federal em Alagoas, Plínio Feitosa, a professora universitária Regina Trindade e o padre Antônio Marcos Tenório, que atende a comunidade do Vergel.
Programação variada
Houve oficinas variadas, como a de karatê, de defesa pessoal para mulheres e de sabão, sendo esta a partir do uso de óleo de cozinha reciclado. Já nas apresentações culturais, além do músico e do humorista, o público presenciou as performances da Banda da Polícia Militar do Estado de Alagoas, do Grupo Afroxé e a Banda Fanfarra da Escola Estadual Aurelina Palmeira de Melo.
O evento ofereceu serviços públicos como a emissão de carteira de identidade e de Cadastro de Pessoa Física no local, e também serviços de beleza, saúde e bem-estar aos presentes. Na ocasião, a população também pode realizar marcação de mediação de conflitos e receber orientação social, jurídica e psicológica.
Uma exposição fotográfica homenageou as mulheres voluntárias do MP Comunitário, marisqueiras e moradoras da zona sul de Maceió. Houve ainda a distribuição de material educativo sobre os direitos da mulher e a rede de atendimento à mulher vítima de violência doméstica. Uma caminhada contra o descarte de lixo partiu do local do evento até o posto de saúde Roland Simon, passando pela sede do programa MP Comunitário.
“Esse ano o evento de comemoração do Dia Internacional da Mulher também tem como tema a defesa do meio ambiente. A degradação ambiental afeta mulheres e homens, principalmente os mais empobrecidos. No programa, nós conhecemos pessoas que luta para mudar a realidade. É uma satisfação muito grande para mim como pessoa, cidadão e profissional”, disse a assistente social Jediane Freitas.
População abraça programa
Em sua fala, a psicóloga Luciana Dantas reconheceu o trabalho dos mediadores de conflitos comunitários: “Fica aqui o nosso imenso agradecimento a essas pessoas, que tornam o programa possível”. Foi a deixa para a primeira mediadora de conflitos do programa, Irene Barros, dar uma palavra ao público.
“Não tem preço, não tem joelho ruim, não tem nada que atrapalhe o meu trabalho pela comunidade. Hoje eu dou a minha contribuição e gostaria que todos dessem a sua parcela para contribuir com o bairro. Estou com 76 anos, mas a mente está nova para trabalhar pelo MP Comunitário”.
Desempregada, Mickaele Viana da Silva, 29 anos, compareceu às atividades do MP Comunitário para cortar os cabelos. Ela disse, que o visual renovado pode ajudá-la a conquistar uma vaga de vendedora em uma loja no comércio de Maceió. “Faz tempo que não corto os cabelos. Estão feios, tenho certeza que isso prejudica na hora de procurar emprego. Então, quando soube dessa atividade, vim correndo. Visual renovado a gente fica com mais ânimo para enfrentar a luta de procurar emprego”, disse.
Sem os documentos de identificação, a dona de casa Maria Aparecida Domingos dos Santos, 44 anos, aproveitou a tarde de atividades para confeccionar a segunda via de sua carteira de Identidade. Esperando na fila para ser atendida, ela disse que a iniciativa é de grande importância para a comunidade do Vergel, que sempre carente de serviços voltados para a cidadania. “Aqui somos vistos como uma comunidade violenta. Tudo é mais difícil. Perdi minha identidade e esse tempo todo foi uma dificuldade para retirar outra. Aqui, estou sendo testada melhor e vou sair daqui com minha identidade e posso provar quem sou”, afirmou.
A atividade do Ministério Público conta com o apoio da Softplan, Atlântica Motos, Tech, Cooperativa Pindorama, Sococo, Organização Arnon de Mello, Pajuçara Sistema de Comunicação, Sistema Opinião de Comunicação, Locazzo, Capela Palcos, Toldos & Varanda, Secretaria do Estado da Mulher e dos Direitos Humanos e Governo do Estado de Alagoas.