O promotor de Justiça Flávio Gomes da Costa recebeu, na manhã desta quarta-feira (14), na 61ª Promotoria de Justiça da Capital, o autônomo Benedito Jorge Silva filho e a professora Franqueline Terto dos Santos, ambos agredidos verbalmente e algemados, no último final de semana, pela Polícia Militar, depois de ele terem tentado defender amigos turistas que filmavam os mesmos PMs supostamente batendo num usuário de drogas, na Praça Lions, no bairro da Pajuçara. O casal quer uma audiência com a chefia do Ministério Público Estadual, com o comandantes da Polícia Militar de Alagoas e com representantes de movimentos da comunidade negra, de combate a violência e liberdade religiosa e outras minorias para discutir questões sobre racismo e intolerância.
O casal foi agredido através de palavras ofensivas, nesse domingo (11), por um grupo de policiais, após defender quatro amigos, todos turistas, que filmavam uma suposta agressão dos militares a um usuário de drogas na Pajuçara. “A comunidade negra não aguenta mais os abusos das autoridades, queremos um basta. O que os PMs cometeram foi racismo, abuso de poder e truculência” disse Franqueline Terto dos Santos, em tom de desabafo.
A professora e o marido, Benedito Jorge Silva Filho, chegaram a ser algemados e levados para o 2º distrito policial, na Jatiúca, de onde só foram postos em liberdade após a assinatura de um Termo Circunstanciado (TCO) que os acusava da prática de desacato à autoridade. Antes disso, porém, ainda na praça, os os turistas apagaram os vídeos gravados em suas câmeras.
De acordo com as vítimas, pelo menos seis policiais teriam participado da ação, que, minutos depois, teria contado com o reforço de um helicóptero do Bope.
“Vamos pedir, já de imediato, à Polícia Civil, para que ela faça a instauração de um inquérito para apurar e responsabilizar esse grupo de PMs”, afirmou o promotor Flávio Costa.
No encontro que deverá acontecer entre a chefia do MPE/AL e o comando da Polícia Militar, o casal agredido vai para que as duas instituições adotem as medidas que forem necessárias à apuração do fato. “Vamos trazer representantes de várias comunidades ligadas às minorias”, garantiu Franqueline Terto.
“O Ministério Público não pode admitir que, nos tempos de hoje, ainda se pratique a violação de direitos e aconteça a prática de crimes que ocasionem danos à instabilidade emocional, psicológica e física das pessoas”, acrescentou o promotor de Justiça.
Estiveram ainda presentes no encontro, as vereadoras Tereza Nelma e Fátima Santiago, o sociólogo Carlos Martins e representantes da Agentes de Pastoral Negros.