O Ministério Público de Alagoas está indo até às escolas da rede municipal de ensino para promover palestras sobre a importância da prevenção às drogas. A iniciativa é da 61ª Promotoria da Capital e tem o objetivo de esclarecer aos estudantes sobre os males e as consequências que o uso e o tráfico de entorpecentes podem trazer à vida de um indivíduo.
A primeira escola visitada foi a Eulina Alencar, no bairro do Jacintinho. Lá, dezenas de alunos entre o 6° e o 9° ano participaram do encontro e assistiram a dois vídeos chocantes: um com depoimentos de dependentes químicos e, outro, que mostrava mães na cena do crime onde seus filhos foram mortos por traficantes.
“Essa foi uma grande iniciativa do Ministério Público porque, através delas, pudemos alertar aos nossos estudantes sobre esse mal tão grande que é a droga. Em 2011, 11 alunos foram assassinados por conta do envolvimento com o tráfico. Ano passado foram mais quatro e, até abril deste ano, dois já perderam a vida. Só através de um ação de choque, como foi esta realizada na noite de hoje, é possível chamar a atenção desses adolescentes para o grave risco a que estão expostos”, afirmou Sineide Rodrigues, coordenadora da escola.
“Até hoje temos estudantes que usam drogas na porta e dentro da escola e, se por acaso a gente os repreende, recebemos uma ameaça como resposta. É por isso que a comunidade escolar tem tanta dificuldade em administrar esses comportamentos. Além do que, o usuário também não consegue se adequar ao ritmo escolar por causa do comprometimento da concentração e da memória em função do consumo do crack. Isso sem falarmos na agressividade”, completou a professora.
“Fique assustado quando vi o vídeo. Eu não sabia que o crack causava um efeito tão devastado em nosso organismo. A palestra foi boa porque aprendemos sobre o tema”, contou Edson Cândido da Silva, que cursava a 7ª série na unidade de ensino.
As explicações do MPE
A palestra foi promovida pelo promotor de Justiça Flávio Costa, titular da 61ª Promotoria de Justiça da Capital – Promotoria de Direitos Humanos, Cidadania, Liberdade Religiosa, Livre Orientação Sexual, Defesa da Igualdade de Gênero, Racial, Diversidade Sexual, e Concretização da Assistência Social. “Nossa intenção foi realmente causar impacto, por isso, detalhamos todos os efeitos nocivos que provocados pelo crack. Por exemplo, os estudantes precisam saber que, ao aquecer a pedra, ela se funde e vira gás, que, depois de inalado, é absorvido pelos alvéolos pulmonares e chega rapidamente à corrente sanguínea. Enquanto a cocaína em pó leva cerca 15 minutos até chegar ao cérebro e fazer efeito depois de aspirada, o crack chega ao sistema nervoso central quase que de imediato, leva entre 8 a 15 segundos apenas. É por esta razão que o crack pode ocasionar dependência mais rapidamente”, detalhou o promotor.
“A ação do crack no cérebro dura entre cinco e 10 minutos, período em que é potencializada a liberação de neurotransmissores como dopamina, serotonina e noradrenalina. Seu efeito imediato inclui sintomas como euforia, agitação, sensação de prazer e irritabilidade, assim como alterações cardiovasculares e motoras, a exemplo de taquicardia e tremores”, esclareceu Flávio Costa.
O crack
O crack geralmente é fumado com cachimbos improvisados, feitos de latas de alumínio e tubos de PVC, que permitem a aspiração de grande quantidade de fumaça. A pedra, geralmente com menos de 1 grama, também pode ser quebrada em pequenos pedaços e misturada a cigarros de tabaco ou maconha, é o chamado mesclado.
A iniciativa da palestra oferecida pelo Ministério Público contou com as parcerias da Associação Acolhedora Novo Nascer e dos alunos do 2° período do curso de Direito da Fits.