“E sem o seu trabalho, o homem não tem honra e sem a sua honra, se morre, se mata”. Foi parafraseando a canção do compositor Gonzaguinha que o promotor de Justiça da Infância e da Juventude, Rogério Paranhos, deu início à abertura da ação promovida pelo Ministério Público Estadual de Alagoas e órgãos parceiros, que teve o objetivo de cadastrar adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas, que estão em medida de liberdade assistida, nos cursos profissionalizantes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), criado pelo governo federal, em 2011, com o objetivo de ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica no País inteiro.
A atividade, que aconteceu na Escola Superior do Ministério Público Estadual de Alagoas (ESMPAL), reuniu o procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, os membros da 11ª e 12ª Promotorias de Justiça da Capital, Alexandra Beurlen, Rogério Paranhos e Adriana Gomes Moreira dos Santos e representantes da Secretaria Municipal de Ação Social, Senai, Senac e Defensoria Pública do Estado de Alagoas. Além claro, do público-alvo do ação, que foram os adolescentes e seus parentes.
“Quem ama, cuida. Sabemos que os pais ou responsáveis que estão aqui com os seus filhos, já passaram por situações delicadas, tendo que acompanhá-los cumprindo medidas socioeducativas para que eles consigam ser ressocializados. E essa oportunidade de ressocialização também passa pela qualificação profissional e, a presença da família, incentivando-os, é muito importante. Ter uma formação, seja ela universitária ou técnica, é uma grande chance de evitar que as crianças e os adolescentes fiquem vulneráveis ao aliciamento para o crime. Então, o esforço de todos nós é no sentindo de que essa oportunidade seja aproveitada e que, mais na frente, nós possamos vê-los trabalhando, com uma vida mais digna e cidadã”, afirmou o promotor Rogério Paranhos.
“Esse trabalho é feito por nós por amor à causa. Queremos poder colaborar para a transformação da vida de cada um de vocês e, por isso, é tão importante que todos se envolvam, inscrevam-se e participem dos cursos. Sabemos que as dificuldades às vezes aparecem e que, nesse momento, a gente começa a duvidar se é possível um recomeço pelo caminho certo. Mas, não desistam, por favor. Superemos esse desafio, os momentos de dor e, quando precisarem, recorram ao Ministério Público. Somos parceiros e queremos vê-los transformados e levando um estilo de vida com paz”, defendeu a promotora de Justiça Adriana Gomes.
“Não pensem que a medida socioeducativa que buscamos pra vocês, na hora do julgamento, é uma forma de simplesmente puni-los. Nosso objetivo maior é que possam refletir sobre o ato infracional cometido e, durante o cumprimento da medida, que cada um tenha a oportunidade de buscar uma forma alternativa de se afastar do crime. Não somos carrascos, somos amigos e queremos o bem de todos. É por isso que cobramos tanto os cursos profissionalizantes e, neste momento, estamos muito felizes porque eles estão sendo oferecidos. O sucesso de vocês, também significa o sucesso do nosso trabalho”, explicou Alexandra Beurlen, também promotora de Justiça.
Oportunidades aproveitadas
Um adolescente de 19 anos, que há 11 meses deixou a internação e está em medida de liberdade assistida, matriculou-se no curso de cabeleireiro, ofertado pelo Senac. “Eu gosto dessa área e nunca tive a oportunidade de me qualificar. Essa é uma grande chance de eu me profissionalizar e, quem sabe, poder abrir o meu salão um dia”, disse ele.
Outro adolescente, de 16 anos, optou pelos cursos de soldador e eletricista. “´É uma nova oportunidade que estou tendo para me reintegrar à sociedade. Muitos colegas meus voltam ao crime porque não têm essa chance e são convencidos a ganhar dinheiro mais rápido, através da venda de drogas e outros ilícitos. Eu não, não quero mais pra mim esse caminho, quero mudar de vida e sei que um novo futuro me espera”, declarou emocionado.
“Todo trabalho honesto produz uma riqueza honrada. Meu neto não vai mais voltar ao crime será um mecânico de mão cheia. O curso vai profissionalizá-lo e, se Deus quiser, ele vai poder comprar, com o dinheiro fruto do seu esforço, a sua casa, o seu carro e, claro, mais na frente, constituir uma família”, comemorou o aposentado Edvaldo Feitosa, que acompanhava o neto mais novo durante a ação realizada na manhã de hoje.
Os cursos
O Senac e o Senai, através do Pronatec, estão oferecendo mais de 70 cursos para os adolescentes em cumprimento de medida sócio-educativa.“Os cursos são gratuitos e os beneficiados ainda vão receber o vale-transporte para poder ir estudar e terão direito ao lanche. É uma oportunidade que eles não podem perder. Vamos perseverar que um futuro muito bonito espera por essas pessoas”, afirmou Silvana Cunha, coordenadora do Programa em Maceió.
Liliane Pinheiro, gestora do Pronatec pelo Senac, também fez incentivos aos presentes: “Queremos qualificá-los para o comércio de bens, serviços e turismo. Vamos nos dar às mãos e esquecer um passado de dor”, convocou ela.
“Nossa intenção é fazer com que, através dos cursos e treinamentos, consigamos preparar esses adolescentes como mão de obra qualificada para a indústria. E vamos conseguir, temos certeza disso”, garantiu Allan Souza, coordenador do Senai.
“É uma grande alegria para o Ministério Público poder ter incentivado a realização desse projeto. O MPE/AL está ao lado da sociedade alagoana e, especialmente, ao lado da Infância e da Juventude. Essa é uma das nossas atribuições mais relevantes. Sabemos que às vezes a gente incorre ao erro, mas, já diz o ditado popular que errar é humano. Então, o que mais importa é que consigamos nos redimir das falhas que cometemos. O Pronatec é maravilhoso e o trabalho que ele vai lhes proporcionar só tem a dignificá-los. Nós apostamos em vocês e estamos irmanados para que, ao lado de cada um que está nesta sala, possamos formar uma sociedade mais fraterna e igualitária. Acima de qualquer coisa, queremos que vocês sejam felizes, muito felizes”, declarou Sérgio Jucá, procurador-geral de Justiça de Alagoas.