Arquitetado pela 19ª Promotoria de Justiça da Capital, o projeto “Fale, Educação” realizou, nesta segunda-feira (20), na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, no bairro do Poço, um curso de formação para professores da rede pública de ensino e promotores de Justiça do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL).
Este foi o primeiro de uma série de eventos que o projeto realizará com o objetivo de fomentar à busca de caminhos eficientes, pacíficos e humanitários de realização dos interesses e necessidades da comunidade.
Durante a abertura, o procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, ressaltou que um dos principais méritos do “Fale, Educação” é propor alternativas para situações que emperram o aprendizado na rede de ensino e, assim, oferecer soluções para o trabalho de construir uma sociedade melhor.
Em sua fala, a promotora de Justiça Cecilia Carnaúba disse que o projeto é fruto de uma das orientações do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que orienta o órgão ministerial a se tornar uma espécie de indutor de políticas públicas eficientes.
“Sabemos que, se fomentarmos soluções para criarmos escolas mais eficientes, e se essas soluções forem executadas com qualidade, diminuiremos a criminalidade e, consequentemente, as demandas judiciais. É preciso coadunar a oralidade e os ensinamentos das escolas com a vivência e realidade de cada aluno. Assim, teremos uma escola próxima de seus alunos e capaz de impulsionar um ensino de maior qualidade”, afirmou a promotora de Justiça.
A abertura ainda contou com a presidente da Associação Brasileira das Mulheres de Carreiras Jurídicas Comissão de Alagoas, Marinalma Torres, e da representante da Secretaria Estadual de Educação, Maridalva Gomes.
Escola e comunidade
Para a educadora Maria Raquel de Lima, da rede municipal de ensino, a inciativa é importante na medida que produz o entendimento da necessidade de se romper a fronteira que separa a sala de aula e a realidade onde a escola está inserida.
“O projeto foi muito bem pensado e se mostra relevante por mostrar que a educação precisa atrelar a rotina escolar com a vida da comunidade. Não entendo uma escola separando o ensino com a vida da criança e do adolescente. Isso não pode ser nossa rotina. Atrelando as duas coisas, inserido-se na vida do aluno, teremos resultados mais eficazes”, disse.
Já Ederson Vasconcelos, professor de filosofia e sociologia da rede estadual de ensino, afirmou que a postura propositiva do MPE/AL deve ser seguida por outros órgãos também envolvidos na estrutura educacional do Estado.
“Olhamos com mais esperança quando encontramos um órgão que poderia apenas apontar erros e tentar puni-los, mostrando que há outros caminhos além da punição. Com esse projeto, o Ministério Público ensina não ser o bastante mostrar onde as coisas não acontecem, mas que é fundamental estar com a solução em mãos”, declarou.
Documento curricular
A professora Ilona Becskeházy também participou do espaço de formação do Ministério Público do Estado de Alagoas por meio de videoconferência. Em sua exposição, a consultora pedagógica falou sobre o Documento Curricular da Rede Municipal de Ensino de Sobral para as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Duas escolas do município cearense ficaram entre as primeiras na avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), no ano de 2015.
Para a professora, é preciso acabar com o ensino fragmentado no Brasil, substituindo-o por um entendimento mais harmônio da equipe pedagógica. Ele também defendeu a recuperação gramatical de estudantes com dificuldade de leitura ingressos no Ensino Médio. Para isso, os docentes devem entre eles discutir quais conteúdos podem interessar ao aluno, paralelamente à discussão da estrutura de texto.
“O estudante quer aprender. Ele não é bobo, sabe quando a escola e o professor atuam em seu favor. O acolhimento respeitoso deve fazer parte do conjunto da escola. O respeito pelo ser humano tem de ser explícito, mesmo diante de comportamentos inadequados do aluno. Consertar isso é dificílimo. Ninguém faz isso sozinho. As equipes precisam ser mais coesas, daí a importância do currículo. Todos precisam saber qual é o objetivo. Não adianta cada um remar para um lado, porque assim ninguém sai do lugar”, ressaltou.
Ilona Becskeházy é mestre em Educação pela PUC-Rio e doutoranda em Educação na USP. Atua como consultora e atualmente é colunista do boletim Missão Aluno da Rádio CBN e da Revista Gestão Educacional.
Fale, Educação
O “Fale, Educação” pretende mostra a importância do uso de um novo sistema de ensino, o sistema de tutoria, como caminho para a superação das falhas existentes no método de ensino tradicional das escolas da rede pública.
Por fim, o projeto tem o intuito de mitigar ao máximo as falhas operacionais do sistema de ensino tradicional, para trazer melhorias efetivas ao aprendizado dos alunos e tem por base os princípios de solidariedade e sustentabilidade tanto ambiental quanto de convívio humano.
Os docentes que participaram do curso desta segunda-feira foram selecionados pela Secretaria de Estado de Educação. Já os promotores de Justiça convidados atuam em áreas como direito à saúde, democracia, direito à probidade, água, educação, direito à alimentação, direito à integridade física e emocional, direito à convivência pacífica, liberdade de expressão e direito ao trabalho.