Os policiais militares Josinaldo Anísio da Silva e Patrick Alessandro Madeiro de Oliveira, acusados de ter facilitado a fuga do soldado Aldair (acusado de envolvimento no assassinato do vereador Fernando Aldo, de Delmiro Gouveia) durante cumprimento do mandado de prisão, afirmaram ao Ministério Público de Alagoas que não receberam ordem para prendê-lo. Segundo os dois integrantes do Batalhão de Operações Especiais (Bope), a ordem do sub-comandante-geral da Polícia Militar, coronel Reinaldo, foi para conduzir o soldado Aldair ao Presídio Militar para “preservar a vida do mesmo”.
Os militares foram ouvidos no início da noite de ontem por integrantes do Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) e pela Promotoria de Justiça Especial de Controle externo da Atividade Policial. De acordo com a promotora de Justiça Marluce Falcão, os próprios militares fizeram questão de ser ouvidos pelo Ministério Público para apresentar sua versão. “Eles solicitaram a apuração, já que vêm sofrendo constrangimentos diante da manifestação de algumas autoridades, que, segundo eles, por não conhecerem a verdade dos fatos, denigrem não apenas a honra funcional deles, mas do próprio Bope”, informou a representante do MP.
Durante seu depoimento, o capitão Josinaldo e o tenente Patrick revelaram que estavam numa missão, no bairro do Feitosa, dia 1º de novembro, quando foram contactados, por telefone, pelo coronel Valdir, comandante do Bope, para interromper o trabalho e seguir até a casa do soldado Aldair.
Segundo capitão Josinaldo, ao chegar no local e ligar para o coronel Reinaldo, conforme o combinado, ele disse para procurar o tenente Plech, que ele apontaria a residência do soldado e que, lá chegando o soldado fosse conduzido ao presídio militar, em virtude de o mesmo está ameaçado de morte.
“A fuga do soldado Aldair só veio a acontecer pelo fato da ordem de missão não ter esclarecido que se tratava de cumprimento de mandado de prisão”, afirmou o capitão Josinaldo.
Já o tenente Patrick sustentou, em seu depoimento, que só tomou conhecimento da sua verdadeira missão – prender o soldado e não protegê-lo – quando foram até a casa do comandante do Bope (coronel Valdir) e lá chegando receberam um telefonema informando que um site havia divulgado a facilitação da fuga.
“A compartimentação da ordem de prisão não foi salutar para o sucesso da missão, pois existe uma grande diferença em conduzir uma pessoa, que está recebendo proteção e outra que está sendo conduzida para ser presa, segundo orienta a doutrina do Bope. Isso poderia ter causado um incidente até maior, colocando em risco a segurança e integridade física dos policiais”, declarou o tenente Patrick.
A promotora de Justiça Marluce Falcão informou que o MP acompanhará a sindicância instaurada no âmbito da Polícia Militar, durante a qual vão ser ouvidas todas as partes envolvidas no incidente.