A 20ª Promotoria de Justiça da Capital (Fazenda Pública Estadual) já começou a adotar as providências para apurar a morte da dona de casa Edlene da Conceição Silva, que morreu, no último sábado (02), depois de ter tido um infarto. Ela percorreu duas unidades de saúde e, na primeira delas, sequer chegou a ser atendida por uma equipe médica. O Ministério Público Estadual de Alagoas quer responsabilizar os profissionais que neglicenciaram em suas atividades, o que pode ter culminado com a morte da paciente.
Como primeiras providências adotadas, quatro ofícios foram enviados para a Secretaria de Estado da Saúde, à direção do mini pronto-socorro Denilma Bulhões – localizado no Benedito Bentes II -, para a direção da posto de saúde Ib Gatto Falcão, situado no bairro do Tabuleiro do Martins e para o Sindicato dos Médicos de Alagoas.
“Existem responsabilidades subjetivas, para o caso dos médicos e, objetivas, que são dos gestores. Estamos cobrando explicações sobre os plantões, quais médicos e enfermeiros deveriam estar nas unidades e faltaram, quais deles se recusaram a fazer atendimento, o porquê da greve permanecer, já que a Justiça decretou a sua ilegalidade há três meses e por qual motivo o Sindicato dos Médicos apoia a paralisação, mesmo diante de uma decisão judicial que precisa ser cumprida. Certamente algumas pessoas serão responsabilizadas pela morte da dona Edlene. Assim como ela, muitos outros cidadãos podem ter sido vítima de atos de negligência por parte desses profissionais”, explicou o promotor Sidrack Nascimento.
“Estamos falando de vidas. A jovem chegou acompanhada do marido, pedindo socorro, e não foi atendida no mini pronto-socorro Denilma Bulhões. No caminho a outra unidade, desmaiou de cima da moto onde estava, o que provocou o desespero do marido. Uma viatura da Polícia Militar passava pelo local e se recusou a prestar socorro. Então, o seu Josenildo precisou pegar um táxi para poder chegar até o IB Gatto Falcão, que era o local mais próximo. Lá, a esposa dele até foi atendida, mas, como já chegou em estado grave, não resistiu e veio a óbito. Sabemos que a vida não será recuperada, mas, os responsáveis por esse crime serão responsabilizados civil e penalmente”, assegurou o promotor de Justiça.
Família procurou o MPE
Josenildo Jorge da Silva esteve no MPE no final da manhã desta quarta-feira (06). Ele contou detalhes de sua peregrinação pelas unidades de saúde e lamentou aquilo que considerou ‘descaso’ do poder público.
“No Denilma Bulhões, quando chegamos, pedimos socorro. Gritávamos dizendo que minha esposa estava morrendo. Havia uma recepcionista na entrada do mini pronto-socorro ao telefone, e, apesar do nosso apelo desesperado, ela sequer perguntou o que estava acontecendo. Apenas disse que aguardássemos a nossa vez. Os demais profissionais que presenciaram a cena também não se moveram para prestar ajuda. Por isso fomos ao Ib Gatto Falcão. Mas ela morreu porque o atendimento demorou para acontecer. Infarto é algo que até pode ser revertido, entretanto, se o socorro chegar rápido”, lamentou ele.