Um grupo de mediadores de conflito do bairro Vergel do Largo, em Maceió, experimentou uma manhã diferente nesta quinta-feira (8). Com o apoio da coordenação do programa Ministério Público Comunitário, eles tiveram a oportunidade de visitar o Memorial Desembargador Hélio Cabral do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) e conhecer um pouco mais da história do órgão que os preparou para intervir e desenvolver uma cultura de paz na comunidade. A visita foi conduzida pela coordenadora do memorial, Gisele Pfau de Carvalho Albuquerque, uma das responsáveis pela revitalização do espaço.
No museu, os mediadores tiverem acesso a peças, joias, fotografias, documentos e publicações doados por promotores e procuradores de Justiça ou por familiares de antigos membros. Gisele Pfau explicou o valor de cada item, de modo a mostrar a importância do patrimônio restaurado e conservado no espaço. “Pela raridade do objeto, eles são muito valiosos, não só na perspectiva material, pois chegam a valer fortunas, como também na imaterial, uma vez que a história da instituição e dos seus membros ficam disponíveis ao público e às próximas gerações”, explicou a coordenadora.
Pelo programa Ministério Público Comunitário, estivem presentes a psicóloga Luciana Dantas Tenório e a assistente social Jediane Freitas da Silva. Para Luciana Dantas, o fato de conhecer melhor o MPE/AL ajuda os mediadores a entenderem a política social do órgão. “Temos aqui um exercício em que se aprende direitos e cidadania. O memorial também mostra aos mediadores o papel e os objetivos do Ministério Público, com quem eles vêm se relacionando há algum tempo por meio do programa. Estar aqui representa ainda a oportunidade de eles expressarem o que aprenderam sobre o órgão e a experiência vivenciada na solução de conflitos”, disse.
Estímulo nos estudos e na atuação comunitária
Entre os mediadores visitantes, encontrava-se André de Souza Lima, estudante do 4° período de Direito na Faculdade de Alagoas (FAL), que se interessou pela intervenção comunitária do MPE/AL na zona sul de Maceió. “Conhecer a história de todos esses procuradores e promotores de Justiça, que integraram em algum momento a instituição, motiva-me a focar no estudo para, quem sabe um dia, fazer parte deste museu. Já conhecia um pouco o ex-procurador-geral de Justiça Carlos Guido Ferrário Lobo, o Carlito Lobo, tio de uma amiga minha, mas, com essa visita, passei a entender melhor a sua passagem por essa casa”, comentou o estudante.
“Como também nos foi dado a oportunidade de falar sobre a nossa experiência de mediação de conflitos no Vergel, senti que o vínculo com o Ministério Público aumentou hoje. Nós, os mediadores, queremos expressar à instituição o desejo de ver o programa crescer e atingir outras comunidades da capital e de cidades do interior. Essa vontade é de todos que escutam nossos relatos sobre o Ministério Público Comunitário pessoalmente ou pelos meios de comunicação”, disse a líder comunitária Judith Vilela.
Uma das visitantes mais encantadas com as raridades dispostas no memorial, a moradora do Vergel do Lago se animou ao identificar a foto do primeiro promotor negro do MPE/AL, Manuel Rodriguez de Melo, que dá nome a uma das escolas da rede estadual de ensino no bairro em que vive e atua. Na visita, Judith Vilela também teve acesso a história do desembargador Justiça Hélio Cabral, da presença feminina no Parquet alagoano e dos tantos procuradores-gerais de Justiça que se destacaram no desenvolvimento do órgão.
“É muito gratificante facilitar uma visita ao memorial para um grupo tão especial como esse. Os mediadores de conflito estão na linha de frente na solução dos problemas da comunidade com quem dividem suas vidas. Eles merecem conhecer melhor a instituição do Ministério Público, que também cumpre um importante papel social na condição de poder público defensor e fiscalizador da lei. Tenho certeza que o trabalho desenvolvido por esses homens e mulheres entrará em breve para a narrativa deste museu”, conclui Gisele Pfau.
O Memorial
O Memorial Desembargador Hélio Cabral, do Ministério Público do Estado de Alagoas, foi instituído pela Resolução nº 004/99, de 7 de outubro de 1999, da Procuradoria Geral de Justiça, na gestão do procurador-geral Lean Antônio Ferreira de Araújo. Em fevereiro deste ano, após passar por um processo de revitalização, o procurador-geral de Justiça, Sérgio Jucá, com o apoio da curadora do espaço, a promotora de Justiça Kícia Oliveira Cabral de Vasconcelos, reabriram as portas para o público.
A inauguração do Memorial ocorreu no dia 31 de março de 2000. Dois anos depois, o Conselho Estadual de Cultura, por meio da Resolução 001/2002, tombou o espaço como patrimônio cultural de Alagoas.O tombamento foi homologado pelo governador Ronaldo Lessa, com o Decreto Executivo nº 570, de 13 de março de 2002. A época, a equipe técnica do Memorial era formada pela museóloga Célia Regina Ferreira Paiva, o arquiteto Nelson Neto de Mendonça Braga, a conservadora e restauradora Gisela Pfau e o historiador Romeu de Mello Moreira.
São atividades atribuídas ao Memorial promover levantamento histórico do MPE/AL, preservar a memória da instituição, manter seu acervo atualizado e inventariá-lo. Também compete ao Memorial estimular e inter-relacionar atividades com instituições culturais com a finalidade de resgate da memória da órgão, além da conscientização social para a pesquisa, conservação e restauração do patrimônio ministerial.