Após denúncia do Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL), por meio da 49ª Promotoria de Justiça da Capital, o Poder Judiciário pronunciou o cabo da Polícia Militar Johnerson Simões Marcelino, que será julgado no Tribunal do Júri da 9ª Vara Criminal da Capital pelo crime de duplo homicídio triplamente qualificado, que vitimou os irmãos Josivaldo Ferreira Aleixo e Josenildo Ferreira Aleixo. O crime aconteceu durante uma abordagem policial, no bairro do Village, em 2016.
O PM também será julgado pelo homicídio culposo do pedreiro Reinaldo da Silva Ferreira, e por ter provocado lesão corporal dos policiais Luiz Fernando Alves, Micivan Pereira da Silva e Ronald Allysson Dantas Lobo, que estavam na abordagem os dois irmãos e ficaram feridos durante a ação. A decisão do juiz Geraldo Amorim, titular da 9ª Vara Criminal da Capital, manteve a prisão preventiva do réu. Johnerson Simões ainda deverá responder pelo crime de fraude processual
Na mesma decisão foi determinada a abertura de inquérito policial para investigar uma possível afirmação falsa, ou negativa ou omissão da verdade, por parte de testemunhas. Um dos investigados, foi responsável por relatar que um dos irmãos lhe teria mostrado uma espingarda desmontada, dentro de uma bolsa, oque levou os policiais a abordarem os dois rapazes. A outra pessoa que deve ser investigada é uma funcionária do Hospital Geral do Estado (HGE), que atendeu as vítimas, e relatou ter encontrado munições em na roupa de um deles.
O crime
O crime aconteceu no dia 25 de março de 2016, em um ponto de ônibus, no Conjunto Village Campestre II. Segundo o MPE/AL, policiais militares abordaram os dois irmãos Josivaldo e Josenildo, que eram deficientes mentais, haviam saído da escola minutos antes e se dirigiam à casa de familiares. A 49ª Promotoria de Justiça da Capital ainda apurou que os irmãos não possuíam antecedentes criminais, e que um deles, inclusive, era menor de idade.
De acordo com a denúncia, no dia do crime, o cabo Johnerson Simões integrava uma guarnição da Polícia Militar e fazia uma patrulha de rotina nas ruas do conjunto Benedito Bentes, quando recebeu a informação que dois assaltantes estavam agindo no Conjuntos Village Campestre II. Ao chegar no local informado, junto aos outros PMs, o denunciado abordou os dois irmãos e, a partir daí, teria ocorrido “uma série de ações desastrosas que culimaram nos homicídios”.
Na ação, o promotor de Justiça José Antônio Malta Marques relata que depoimentos de testemunhas confirmaram que dois militares da guarnição iniciaram agressivamente as revistas, razão pela qual Josenildo, ao assistir o irmão ser agredido, passou a defendê-lo Josivaldo. Teria sido nesse momento que o denunciado, que assitia a abordagem encostado na viatura, realizou os disparos.
“A ação do cabo Johnerson foi tão desmedida que ao realizar os disparos, de modo consciente, em atingindo Josenildo com dois e Josivaldo com três projeteis, pela mesma ação, ainda lesionou, com tiros de raspão, os policiais militares que estavam próximos das vítimas, e terminou por atingir fatalmente Reinaldo da Silva Ferreira, que estava a cerca de 20 metros de distância, no lado oposto da rua”, diz um trecho da denúncia.
Após o fato, de acordo com o MPE/AL, o denunciado pediu a poio a uma segunda guarnição, que fez o socorro dos policias feridos. Enquanto isso, outros policiais ficaram no local. Um deles, o soldado Jailson Stallaiken, teria lhe dado apoio para forjar a cena do crime. “Foi nesse momento que eles implantaram pistola, espingarda e munições entre os pertences das vítimas”, denunciou o promotor de justiça em sua petição.