“O seu nome será Spick e eu vou cuidar dele como se fosse um filho. Já sei que tenho dar a ele, todos os dias, água e ração, além de ter que limpar a gaiola, claro”. Foi nesse tom de alegria que o pequeno Bruno Santos, aluno do projeto “Pelotão Mirim”, da Polícia Militar de Alagoas, recebeu, na manhã desta terça-feira (11), o seu primeiro animal de estimação. A doação foi feita pela Fiscalização Preventiva Integrada do São Francisco/Alagoas, um projeto de preservação ambiental que envolve 22 instituições estaduais e federais, sob a coordenação do Ministério Público Estadual de Alagoas.
Bruno e outras 19 crianças que integram o mesmo projeto foram presenteados com animais domésticos, pássaros que foram resgatados das feiras livres dos municípios de Arapiraca e Feira Grande, no dia de ontem.
E ao ganhar seu primeiro bicho, a euforia tomou conta da criançada. “O meu passarinho vai se chamar Tom”, disse o estudante Cleyton de Oliveira, do 6º ano. “E o meu será o Rex”, disparou Kevisson Rodrigues, aluno do 5º ano. “Que nome simples que nada, o meu já se chama Rock Balboa e terá uma vida de estrela”, brincou Evandro Rodrigues, do 7º ano.
Ação educativa
Durante a entrega dos pássaros, o promotor de Justiça Alberto Fonseca explicou aos estudantes que é crime contra a fauna brasileira a manutenção de pássaros silvestres em cativeiro. “Esse tipo de ave tem que viver no seu habitat natural, não podendo sem criada por quaisquer pessoas em casa. O pássaro que pode viver no convívio familiar é o doméstico, aquele que não faz parte do ecossistema brasileiro. No caso, esses que estão sendo doados são animais domésticos”, explicou ele.
“É com grande satisfação que a gente participa desse momento, especialmente porque os alunos agraciados foram escolhidos pelos critérios de melhoras notas e bom comportamento”, comentou o major Alex Orsi, sub-comandante do BPA.
São espécies de pássaros domésticos o canário belga e o periquito australiano.
A doação das aves aconteceu na sede do 3º Batalhão de Polícia Militar, situado em Arapiraca. A ação contou com a participação, além do MPE/AL, o Batalhão de Polícia Ambiental, o IMA, a Polícia Rodoviária Federal e o Instituto para Preservação da Mata Atlântica.
Palestra e soltura
O segundo momento com os alunos aconteceu na reserva de mineração Vale Verde, no município de Craíbas. Lá, os meninos assistiram a uma palestra sobre a importância da preservação da fauna, que foi ministrada por Fernando Pinto, presidente do Instituto para Preservação da Mata Atlântica.
“Bichos nativos não podem viver presos em gaiolas. Eles têm que estar soltos, espalhados pela natureza. As regiões do Agreste e do Sertão são muito ricas em fauna, ao contrário do que muita gente pensa. A seca não é empecilho para eles se desenvolverem. É na Caatinga, por exemplo, que existia a maior quantidade de galo-de-campina. Hoje em dia o número de pássaros dessa espécie só tem diminuído e isso ocorre em função da ação negativa do homem”, detalhou ele.
“Muitos pensam que o meio ambiente se refere apenas a natureza, porém, ele abrange também os patrimônios cultural, histórico, artístico, estético, turístico e paisagístico. Também é importante que vocês saibam que o homem hoje em dia é o principal responsável pela degradação ambiental, provocando desmatamentos, queimadas, destruindo matas similares, poluindo o ar, assoreando os rios e, assim, sacrificando o meio ambiente, fazendo o não uso sustentável dele. Não façam parte desse grupo, sejam ambientalmente corretos”, disse a promotora de Justiça Lavínia Fragoso, durante um outro bate-papo com as crianças.
A atividade da equipe de fauna e flora da FPI foi encerrada com a soltura de cerca de 200 pássaros silvestres. As aves foram devolvidas à natureza numa reserva ambiental pertencente à mineradora Vale Verde.
“Eu me emocionei ao ver o passarinho voando. Acho que ele estava sofrendo muito, estando preso na gaiola. Que bom que ele agora ganhou liberdade. Espero que arranje logo uma namorada e faça um monte de filhotes. O meio ambiente vai agradecer”, comemorou a jovem Rayane da Silva.