Preocupado com o desabastecimento especialmente nas áreas de combustíveis, alimentos e saúde pública, o Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) reuniu o segmento dos setores produtivos, o Procon/Alagoas, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP/AL) e a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) para discutir alternativas de enfrentamento aos bloqueios que ainda acontecem em algumas rodovias alagoanas. Uma nova reunião ficou agendada para esta terça-feira (29), novamente no prédio-sede do MPE/AL, às 15h, dessa vez, com as presenças do Exército, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Gabinete Civil Estadual.
No encontro, capitaneado pelo procurador-geral de justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, o Ministério Público externou sua preocupação com a falta de merenda escolar nas cidades do interior do estado, com os pacientes com quadro grave de emergência ou em tratamento que precisam vir para a capital, com os insumos que precisam chegar aos hospitais, com a distribuição de alimentos para os supermercados e mercados que comercializam comida para a população, com a falta de gás de cozinha nos pontos de vendas e com a coleta de lixo. “Tenho conversado com vários promotores de justiça, que já estão sentindo o quadro se agravar em algumas cidades. Como os postos ainda estão sem combustíveis, as mercadorias não podem chegar até as escolas e aos estabelecimentos comerciais, as ambulâncias não conseguem transportar os pacientes e existem hospitais que já estão com medicamentos e insumos em falta. Além disso, os setores produtivos começaram a amargar prejuízos também. Esse encontro é para que pensemos em alternativas para minimizar essa realidade”, explicou o chefe do MPE/AL.
A reunião foi acompanhada foi acompanhada pelo Subprocurador-Geral administrativo-institucional, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque e pelos promotores de justiça Jorge José Tavares Dória, Edelzito Santos Andrade e Humberto Pimentel.
Durante a reunião, o presidente do Sindicombustíveis, James Thorp, informou que a maioria dos postos só está trabalhando com a venda de gasolina e que o etanol e o diesel S10 (usado em veículos de maior porte, como caminhonetes, caminhões e ônibus) estão em falta. “O diesel, por exemplo, vem do Porto de Suape, em Pernambuco. Como lá a situação ainda é muito crítica, vamos continuar sem esses produtos. Já a gasolina pode ser que dure até mais três ou quatro dias”, disse ele.
O presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas, Raimundo Barreto de Sousa, informou que hortaliças, legumes e frutas já estão faltando em vários estabelecimentos. Porém, ele disse que os itens mais essenciais, como arroz e feijão, ainda podem durar, em média, 5 dias. “No entanto, se os bloqueios continuarem, não teremos mais muita coisa a oferecer no final de semana. De todo modo, até lá, a gente se compromete a não aumentar preço de absolutamente nada, a não ser que os produtos já cheguem para nós mais caros”, detalhou.
Dentre as reivindicações dos setores produtivos, está o pedido para que Governo de Alagoas e o Exército viabilizem comboios para que os caminhões das distribuidoras possam ir buscar combustível no Porto de Suape, principal fonte de abastecimento dos postos. Esse pedido será formalizado aos representantes do Poder Executivo e das Forças Armadas com o intermédio do Ministério Público.
Municípios estão em alerta
O presidente da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), confirmou que algumas prefeituras estão limitando os atendimentos em ambulâncias. “Só estão vindo para Maceió realmente aqueles quadros mais graves. O racionamento no combustível visa realmente garantir a viagem daqueles pacientes que estão com riscos de morte ou em tratamento que não pode esperar”, admitiu Hugo Wanderley.
Como sugestão, o presidente da entidade consultou o Ministério Público sob a possibilidade das prefeituras editarem decretos de urgência para comprar combustível em postos da região que não sejam licitados. “Vamos avaliar com cuidado essa possibilidade para que nada seja feito em desrespeito a legislação. Na reunião desta terça-feira nós emitiremos uma posição sobre o assunto”, pontuou Alfredo Gaspar de Mendonça Neto.
Participaram da reunião Manuel Acácio Júnior, secretário executivo de Segurança Pública de Alagoas; Marcos Omena Tavares e Kennedy Calheiros, da Associação Comercial de Maceió; Galba Novais Netto, do Procon/AL; Raimundo Barreto, representando a Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA); José Carlos Lyra e José da Silva Nogueira Filho, da Federação das Indústrias do Estado do Alagoas (Fiea); Alfredo Gaspar de Mendonça Brêda, do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscon/AL); Álvaro Almeida, da Federação da Agricultura e Pecuária no Estado de Alagoas (Faeal); Domício Arruda, pela Associação dos Criadores de Alagoas (ACA); Milton Pradines, da Brasken; James Thorp Neto e Adriana Barbosa, do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Alagoas (Sindicombustíveis-AL); Guilherme Borges, do Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Passageiros (Sinturb); Arthur Georges, pela Federação do Comércio do Estado de Alagoas (Fecomércio); Hugo Wanderley e Roisiana Beltrão, da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA) e da Confederação Nacional de Municípios (CNM); Marcello Quirino, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico e Social de Maceió (Comdem) e Léa Santos, Ricardo Oliveira e Jadilson Mafra Barbosa, representantes das Distribuidoras Shell, BR e Ipiranga, respectivamente.