O Ministério Público Estadual e o Instituto de Preservação da Mata Atlântica (IPMA) firmaram parceria para desenvolver o Plano de Ação Nacional para a Conservação do Mutum-de-Alagoas no estado. Sob a coordenação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e com os promotores Alberto Fonseca e Humberto Pimentel como especialistas convidados, o projeto deve restituir o pássaro em seu habitat até 2015.

Os objetivos do plano são assegurar permanentemente a manutenção das populações em cativeiro do Mutum-de-Alagoas (Pauxi mitu); promover o aumento tanto do efetivo populacional quanto do número de populações; além de propiciar a reintrodução da espécie nos remanescentes florestais dentro da sua provável área de distribuição original. Caberá ao MPE desenvolver uma fiscalização preventiva e integrada para manutenção da segurança do animal no estado.

Segundo o presidente do IPMA, Fernando Pinto, o Pauxi mitu é a ave mais rara do Brasil. No entanto, por ser uma espécie de grande porte, a maior ameaça para o animal ainda é a caça. “Quando a ave for solta, serão necessárias ações educacionais e coercitivas para preservá-la. Nesse sentido, a participação do MPE se torna ainda mais importante porque é uma instituição que impõe respeito. Além disso, pela ramificação do órgão em todo o estado, o projeto contará com o apoio de cada promotoria municipal”, explica Pinto.

O MPE desenvolverá trabalhos de conscientização da comunidade residente no entorno das Reservas Particulares do Patrimônio Natural onde serão reintroduzidas as aves. O Ministério Público combaterá também a supressão ilegal de vegetação e o tráfico de animais silvestres na área de reintrodução do mutum.

O promotor Alberto Fonseca afirma que, ao participar do plano, o MPE dá uma contribuição efetiva para a recuperação da biodiversidade em Alagoas. “Vamos colaborar com o projeto a partir da fiscalização permanente para combater a caça e o desmatamento nas possíveis áreas de preservação do mutum em Alagoas”, informa Fonseca, que integra o Núcleo de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público.

Mutum-de-Alagoas

Pauxi mitu é uma espécie extinta da região da Mata Atlântica conhecida como Centro Pernambuco de Endemismo. A espécie sobrevive em cativeiro graças aos esforços de mantenedores e pesquisadores, todos envolvidos com a conservação. A população total cativa é de 121 indivíduos, divididos em dois criadouros no estado de Minas Gerais.

As matas, onde a espécie ocorria originalmente, encontram-se degradadas, havendo poucos remanescentes com mais de 500 hectares, os quais também não se encontram em boas condições de proteção. A espécie permaneceu, por mais de 300 anos, como uma das aves mais raras e enigmáticas do planeta.

O mutum passou despercebido pelos ornitólogos e quase desapereceu. Muito pouco se sabe sobre sua distribuição e os registros fidedignos provêm apenas do estado de Alagoas, embora seja provável que possa ter ocorrido também em Pernambuco. De acordo com registros históricos, a área original de incidência do mutum em Alagoas engloba seis municípios do Pilar, São Miguel dos Campos, Jequiá da Praia, Roteiro, Barra de São Miguel e Marechal Deodoro.