“Um caso bárbaro, planejado, uma morte com requintes de crueldade onde uma adolescente foi espancada e queimada sem espaço para a mínima defesa. A justiça foi feita”. As palavras são do promotor de Justiça, José Antônio Malta Marques, que atuou na acusação durante júri do caso Franciellen Araújo da Rocha, assassinada em fevereiro de 2013. O julgamento iniciou na quarta-feira (23) e teve sua conclusão e sentença lida nessa quinta-feira (24), à noite, com a condenação, por unanimidade, de todos os réus. O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) mais uma vez foi ouvido e teve sua tese acatada pelo Conselho de Sentença, dando a resposta esperada pela sociedade alagoana. Os réus foram condenados por homicídio triplamente qualificado com emprego de fogo, meio cruel e dissimulação dos autores do crime.
Esse era um dos julgamentos mais esperado do ano, vista a participação direta, mais uma vez como autora intelectual, de Vanessa Ingrid, a mesma acusada de planejar a morte da universitária Bárbara Regina e também suspeita de matar outra adolescente grávida, no bairro Santa Lúcia. Os motivos seriam sempre os mesmos, ciúmes do companheiro. Apesar de jovem, a acusada sempre demonstrou frieza na forma com a qual escolhia seus alvos e mandava executar. O Ministério Público, representado pelo promotor de Justiça, José Antônio Malta Marques, apresentou detalhes da barbárie, as contradições dos réus em depoimentos, provou que todos agiram cruel e friamente, o que foi decisivo para convencer o Conselho de Sentença.
Após 30 horas de explanações, debates, réplicas e tréplicas, os advogados de defesa foram desbancados e as penas anunciadas pelo juiz de direito e presidente do Tribunal do Júri, Geraldo amorim. Vanessa Ingrid foi condenada a 28 anos, sete meses e 24 dias de prisão; Victor Uchôa Cavalcanti, condenado a 20 anos e seis meses; Thiago Handerson Oliveira dos Santos, recebeu pena de 27 anos; Saulo José Pacheco de Araújo, foi condenado a 18 anos e Nayara da Silva, a três anos, dois meses e dezoito dias. Todos em regime fechado.
O caso
A jovem Franciellen foi atraída por Vanessa Ingrid até o seu apartamento, no bairro Cruz das Almas, em Maceió, para onde a vítima foi acreditando que participaria de uma festa. No local estavam as outras pessoas acusadas de participação no crime.
Na verdade, ali seria o começo da execução do plano do seu assassinato. Franciellen foi brutalmente torturada, teve o cabelo cortado, as sobrancelhas raspadas, além de ser queimada com cigarros, até chegar à ordem do assassinato. Segundo o que foi apurado e relatado em depoimentos, Franciellen foi queimada viva. A jovem foi colocada no carro, pertencente a Saulo, o mesmo acusado de ser o condutor e de comprar o combustível usado para atear fogo na adolescente.
Depois de muitas buscas, o corpo de Franciellen foi encontrado carbonizado, nas proximidades do conjunto José Tenório, na Serraria.
Fotos: Claudemir Mota