“É necessário que, dentro do possível, possamos resgatar o que é nosso, de Maceió e de Alagoas. O povo precisa conhecer sua história, mas parece não haver interesse em se preservar a cultura. Temos muita coisa para ser resgatada”. Pensando assim, o promotor de Justiça, Antônio Jorge Sodré , recomendou, em novembro de 2017, ao governador de Alagoas e ao prefeito de Maceió para que, em conjunto ou separadamente, abrissem processo para a construção de um monumento, em forma de jangada, a ser colocado em área publica e de grande movimentação, com placa explicativa para homenagear quatro nautas que saíram de Maceió para a capital da República, em 1922, com o propósito de comemorar o centenário da Independência do Brasil. A prefeitura de Maceió, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (SMDS), comunicou ao Ministério Público do Estado de Alagoas (MPE/AL) que atenderá a orientação, entregando a obra em agosto deste ano.
Um ano após a façanha dos alagoanos, um monumento foi erguido na Praia de Pajuçara, mas segundo o promotor de Justiça porém não mais existe.
Considerando a extrema importância de se manter viva a memória de um feito tão importante e pouco divulgado, o promotor Antônio Sodré, da 66ª Promotoria de Justiça, defensora dos patrimônios artísticos, estéticos, histórico, turístico e paisagístico de Maceió, decidiu cobrar dos gestores a construção do monumento ‘Jangada Independência’.
Cinco meses após, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (SEMDS) anuncia, via Ofício , que no dia 27 de agosto deste ano a sociedade maceioense receberá o símbolo histórico recuperado.
De acordo com o secretário municipal de Desenvolvimento Sustentável, Gustavo Torres, o monumento será instalado próximo à estátua de Graciliano Ramos, na Avenida Sílvio Viana, no bairro Ponta Verde. Para garantir a preservação , segundo a prefeitura, o projeto arquitetônico terá como base a sustentabilidade, investindo em madeiras ecológicas e de reflorestamento com grande longevidade. A restauração ocorrerá dentro do programa de Adoção dos Espaços Púbicos.
“Os monumentos públicos são erguidos para preservar a memória de eventos significativos que passam a fazer parte da história e da cultura de um povo, tornando-se patrimônio da sociedade. O Ministério Público quer a valorização e a preservação do patrimônio cultural”, ressalta o promotor Sodré.
O fato histórico
Quatro pescadores alagoanos, Umbelino José dos Santos, de Passo do Camaragibe, Joaquim Faustilino de Sant’Ana, da Barra de São Miguel, Eugênio Antônio de Oliveira e Pedro Ganhado da Silva, ambos de Coruripe, à época, respectivamente, com 45, 41, 25 e 36 anos de idade, iniciaram na tarde de domingo de 27 de agosto de 1922 uma jornada para homenagear e comemorar o centenário da Independência do Brasil.
Obtiveram o auxílio de várias Colônias de Pescadores e por meio da jangada, que ganhou o nome ‘Independência’, construída apenas com seis paus e um pequeno mastro com vela, sem nenhum aparelho de navegação, saíram da enseada de Jaraguá, em Maceió, e começaram a navegar pelo litoral brasileiro, enfrentando todos os riscos, com destino a então capital da Republica.
“É preciso que valorizemos esses nautas e a ousada façanha que pela distância percorrida, a fragilidade da jangada, realizaram feito extraordinário”, afirma o promotor António Sodré.