Após atuação do promotor de justiça Antônio Luís Vilas Boas, 48ª Promotoria Especializada Criminal da Capital, a ré Arlene Régis dos Santos foi condenada a 80 anos de reclusão por matar seus dois filhos menores, em setembro de 2009. Como foi diagnosticada com transtorno de personalidade, a acusada deverá permanecer no Centro Psiquiátrico Judiciário onde passa por tratamento.

O julgamento, realizado nesta segunda (19) no Fórum da Capital, durou quase dez horas e foi conduzido pelo juiz John Silas da Silva, titular da 8ª Vara Criminal. Os jurados acolheram a tese do Ministério Público e condenaram Arlene por duplo homicídio qualificado.

Segundo o promotor de justiça Antônio Luís Vilas Boas, Arlene cometeu o crime para se vingar do marido, que a deixou. Isso ficou claro em uma carta escrita pela ré e destinada ao marido, na qual a ela confessa os homicídios e indica a motivação dos mesmos.

“A ré agiu com premeditação e vingança, por não aceitar o término do relacionamento com o marido, que sempre foi conturbado. Os motivos ficaram bem expostos em uma carta escrita por ela. O fato de ser diagnosticada com um transtorno não retira dela a responsabilidade de ter comeitdo esses crimes”, afirmou o promotor de Justiça Antônio Luís Vilas Boas.

O crime ocorreu na madrugada de 29 de setembro de 2009, no bairro Tabuleiro do Martins, em Maceió. Antony Pedro Santos Nobre, de 7 anos, foi estrangulado e Abelardo Pedro Nobre Neto, de 12, asfixiado e esfaqueado pela mãe. Arlene ainda tentou asfixiar o filho mais velho, de 15 anos, mas desistiu após o jovem acordar.

Depoimentos

Durante a manhã, foram ouvidas três testemunhas, um psicólogo e um psiquiatra. A ré preferiu ficar em silêncio. O psiquiatra Ronaldo Lopes, que atuou como perito do caso, disse que Arlene sofre de transtorno de personalidade borderline e que o referido transtorno fica no campo da perturbação mental, não se caracterizando como uma doença mental.

“O portador de transtorno borderline tem tendência a agir sem levar em consideração as consequências de seus atos. Está sujeito a um comportamento explosivo”. Para o psiquiatra, no entanto, o ato praticado pela ré foi realizado com “organização, violência e inteligência preservada”.

O psicólogo José Adão Lima atuou em conjunto com o psiquiatra e disse que Arlene agiu com “consciência plena”. “Foram aplicados testes psicológicos e realizada uma entrevista clínica. Não se encontrou patologia, e sim conflitos intrapsíquicos”.

O ex-marido da acusada, Abelardo Pedro, também prestou depoimento. Disse ter sofrido ameaças de Arlene por meses e que não imaginava que ela seria capaz de agredir os filhos. O filho sobrevivente do casal, Arlanicson Pedro Santos Nobre, hoje com 23 anos, contou que a mãe tentou asfixiá-lo com um pano em volta do pescoço, mas desistiu, e que disse a ele que havia matado seus irmãos.

*Com informações e foto Ascom/TJ