“Condeno o réu, definitivamente, a 17 anos e três meses de reclusão, em regime fechado”. Com essa sentença anunciada pelo juiz Anderson Passos, em desfavor de Agnaldo Lopes de Vasconcelos, acusado de matar o capitão Rodrigo Rodrigues, o Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL), representado pelo promotor de justiça José Antônio Malta Marques, afirma ter convicção do dever cumprido. O júri ocorreu durante todo o dia dessa segunda-feira (4), no Fórum Desembargador Jairo Maia Fernandes, no Barro Duro, em Maceió.

Durante 15 horas, entre depoimentos de testemunhas e do réu e os debates entre acusação e defesa, o Conselho de Sentença, formado somente por mulheres,  foi convencido de que as provas apresentadas pelo Ministério Público foram suficientes contra o acusado, não deixando dúvidas para a condenação de Agnaldo.

” O Ministério Público mais uma vez cumpriu seu papel. Hoje a justiça não foi somente feita à família, ao filho, mas a toda instituição Polícia Militar, ao estado de Alagoas”, declarou o promotor Malta Marques.

Sobre a decisão dos jurados pela condenação do réu, o promotor disse que prevaleceram as provas compostas nos autos. “Todo o conjunto probatório, tanto as provas materiais quanto as testemunhais, demonstraram que a tese correta foi aquela sustentada por nós. O júri decidiu pela condenação porque o próprio acusado confessou  ter atirado no oficial”, completou o membro do MPE/AL.

O promotor e o assistente de acusação, advogado Welton Roberto, apresentaram provas, a exemplo de imagens da reconstituição do crime e do telefonema feito pelo acusado e familiares  para o Ciosp, horário de entrada no HGE e do óbito do oficial.

Na tentativa de desqualificar a acusação, bem como o laudo da Perícia Oficial, a defesa apresentou um parecer técnico feito por uma pessoa contratada, o qual discordava de todos os apontamentos dos peritos oficiais, chegando a insinuar que o capitão Rodrigo Rodrigues poderia ter sido morto pelos colegas de farda.

Contradição do réu

Agnaldo Lopes de Vasconcelos entrou em contradição algumas vezes durante o seu interrogatório. E, segundo o Ministério Público, o mesmo não aconteceu com as testemunhas de acusação que também prestaram depoimento. 

Para o advogado Welton Roberto, o resultado do julgamento foi encerrado como uma “vitória” merecida. “Finalmente fizemos justiça. Após um ano e oito meses de agonia e dor à família, o assassino foi condenado. Confesso que até esperava um tempo de condenação maior, no entanto, ficamos satisfeitos com a pena aplicada de 17 anos e três meses. Dará tempo para ele pensar em nunca mais atentar contra a vida de alguém, especialmente em desfavor de um agente da Segurança Pública. Os jurados, com certeza, acertaram no veredito”, ressaltou o advogado.

O juiz Anderson Passos, que presidiu o júri, disse ter ficado satisfeito com o resultado. “Minha satisfação é o fato de tudo ter ocorrido tranquilamente, dentro do esperado. Os jurados decidiram condenar e, em razão da condenação, fixei a sentença dentro dos parâmetros legais. Por fim, a lei foi aplicada”, enfatizou o magistrado.

Público lotou o salão do júri

Além dos familiares, amigos do capitão Rodrigo Rodrigues e centenas de policiais militares, com destaque para PMs do Batalhão de Radiopatrulha, onde a vítima estava lotada, acompanharam o júri do começo ao fim. 

O procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, também esteve no local para se solidarizar com os familiares.

O júri

Durante o júri, cinco testemunhas, sendo quatro de acusação, foram ouvidas. Uma delas foi a viúva do capitão Rodrigues, que falou sobre a vida e o comportamento do marido.

Do lado da defesa, apenas uma testemunha, que se apresentou como pastor evangélico, falou.

Os debates entre acusação e defesa foram à réplica e à tréplica. Perto da meia-noite, o juiz anunciou o veredicto. Foram 14 anos e três meses por homicídio qualificado e mais três por posse de munição de uso restrito.

Fotos: Claudemir Mota, Itawi Albuquerque e Dulce Melo