Mais de 200 pessoas acompanham o julgamento da empresária Mirella Granconato Ricciardi, acusada de planejar e encomendar o assassinato da estudante Giovanna Tenório, em 2011. O Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL), representado pelo promotor de justiça Antônio Villas Boas, sustenta a tese de homicídio duplamente qualificado, praticado com requintes de crueldade. A motivação do crime teria sido o envolvimento da vítima com o marido da ré, Antônio de Pádua Bandeira.
Mirella Granconato também responde pelo crime de ocultação de cadáver. “Esperamos que hoje a sociedade alagoana, mais uma vez, faça justiça. E isso passa pela condenação da acusada, que de fato foi a mandante do assassinato de Giovanna Tenório. O MP vai mostrar aos jurados de que foi a Mirella a mandante desse bárbaro crime. Tem elementos mais do que suficientes nos autos no sentido de condená-la. Aluns testemunhas relatam o medo que a vítima vinha sentindo e as mensagens que eram mandadas pela acusada, via celular, fazendo ameaças”, declarou promotor de Justiça Antônio Villas Boas.
O julgamento começou por volta das 9h30 desta quarta-feira (11) e acontece Fórum da Capital. Logo após o sorteio dos jurados, foram ouvidas as testemunhas e a acuasada. A primeira a ser inquerida foi a irmã da vítima, Larissa Tenório, que estava bastante emocionada.
“Minha irmã era uma mulher bastante amada por todos e também a companhia da minhã mãe. Estes são os piores anos da vida da minha família. A dor, a agonia, e a saudade permanecem. Temos certeza que a mandante da morte da minha irmã foi a Mirella. Foi ela quem bateu na minha irmã por duas vezes. Ninguém mais a ameaçou, ninguém mais a perseguia e ninguém mais tinha interesse na morte da minha irmã”, declarou.
Larissa Tenório ainda disse que a irmã nunca revelou para a família ter sido ameaçada. “Minha mãe desaprovava o relacionamento dela com o Antônio Bandeira, por ele ser um homem separado. Quando tudo aconteceu e descobrimos as mensagens, ficamos estarrecidas. Foi quando soubemos que ela tentou prestar queixa contra a Mirella na delegacia da mulher e não conseguiu”, afirmou.
Ao todo, sete testemunhas foram convocadas para depor, mas só quatro compareceram. Todas afirmaram que o relacionamento entre Antônio Bandeira e Giovanna Tenório era público, e todos achavam que ele era divorciado.
Após o depoimento das testemunhas, foi a vez de Mirella Granconato falar em juízo sobre a acusação de ser a mandante do assassinato de Giovanna Tenório. Ela negou o seu envolvimento com o crime, mas confirmou as ameaças, feitas através de mensagens de telefone. “Não matei e nem mandei matar. Mais do que ninguém, desejo a verdade. Preciso voltar para casa hoje. Quero minha vida de volta. Meus familiares estão passando constrangimento. Espero que a verdade apareça, para que eu acalme meu coração e possa voltar a ter uma vida normal”, disse Mirella logo no início dos eu depoimento.
A acusada ainda afirmou que as ameaças feitas são provas de que na época do crime era imatura. “Eu estava chateada no momento, me sentia traída, foi infantilidade. Eu queria ver ela respeitando, ela morta não iria fazer isso. Foi uma forma desesperada de fazer com que isso parasse”, disse a ré ao ser questionada.
Ela também foi questionada sobre a participação do caminhoneiro Alberto Bernardino da Silva, condenado a 29 anos de prisão em setembro deste ano, mas negou conhecê-lo.
Entenda o caso
A universitária Giovanna Tenório desapareceu em 2 de junho de 2011, próximo à faculdade onde estudava fisioterapia, no bairro do Farol. Ao sair da aula, disse para colegas de turma que almoçaria com um amigo. Logo depois, câmaras de vigilância flagraram a estudante sendo colocada à força dentro de um veículo. O corpo da vítima foi encontrado dias depois, em um canavial entre os municípios de Rio Largo e Messias.