O Agosto Lilás do Ministério Público Estadual de Alagoas (MPE/AL) teve uma importante ação realizada em Arapiraca no último sábado (26). Com tendas montadas na Praça Marques da Silva, no Centro da cidade, houve a distribuição de cartazes, panfletos e broches lilases, bate-papo com a população sobre a Lei Maria da Penha e a exibição dos vídeos e das artes da campanha para o público.
O evento, que contou com o apoio da Prefeitura de Arapiraca, teve o objetivo de conscientizar os moradores daquele município sobre a necessidade de se quebrar o silêncio no ambiente onde está sendo praticada a violência doméstica e familiar contra a mulher. “A agressão diária contra a mulher é uma covardia que, lamentavelmente, continua sendo praticada e a gente precisa dar um basta nisso. Mulher precisa, sim, é ser respeitada. Vocês já demostraram a nós homens que conseguem fazer tudo muito melhor que a gente. E o fazem porque realizam com amor todas as tarefas a que se propõem. São excelentes profissionais no trabalho, cuidam da família, da casa e ainda se dedicam a fazer o bem, a transformar vidas, a ajudar o próximo, a proteger a sociedade de forma incansável. É por isso que a mulher tem que estar sempre em primeiro lugar”, declarou Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, procurador-geral de Justiça.
Ele também afirmou que a campanha foi às ruas porque o Ministério Público não é apenas um órgão que trabalha em gabinetes e que o contato direto com as pessoas faz com que a instituição possa desempenhar melhor o seu papel. “Precisamos estar perto de vocês para que possamos proteger os seus direitos. Somos empregados do povo e estamos aqui para servi-los. E já que nesta oportunidade estamos tratando da cultura de paz no ambiente doméstico e familiar, que possamos quebrar o silêncio e denunciar os agressores. Machucar e matar não faz parte do perfil de um homem de verdade”, completou.
A promotora de Justiça Maria José Alves, titular da 38ª Promotoria de Justiça da Capital, que tem atribuição para atuar nessa área, ressaltou que o combate a violência contra a mulher é uma luta coletiva. “Essa é uma batalha de homens e mulheres, de toda pessoa de bem e que tem princípios. Inclusive, é por isso que a campanha é lilás, porque essa é a cor resultante da fusão do azul e do rosa, que se consagraram, respectivamente, por serem as cores que representam os gêneros masculino e feminino”, disse ela.
E o juiz José Miranda, que atua no Juizado com competência para julgar esses casos, deu um depoimento que chamou atenção. “Eu ainda era pequeno aquela época. Estava no quarto, quando ouvi um barulho. Corri para a sala e encontrei a minha mãe com o rosto todo machucado, sangrando. Meu pai tentou assassiná-la. Cresci, fiz Direito e, pouco tempo depois que havia passado no concurso, fui chamado para atuar nessa área. Eu tinha duas possibilidades de escolha: recusar, uma vez que esse assunto ainda é um trauma para mim, ou me dedicar a ele e combater esse mal. Preferi a segunda opção. Quero dizer que, ainda hoje, 40 anos depois daquela cena, vendo a minha mãe agredida, as marcas ainda continuam. Por isso é tão importante denunciar o agressor no primeiro sinal de violência”, afirmou o magistrado.
Os promotores de Justiça Kléber Valadares, Saulo Ventura e Viviane Karla também participaram do evento, assim como o promotor de Justiça e presidente da Ampal, Flávio Costa.
Parceria com a Prefeitura
Foi o procurador de Justiça Geraldo Magela quem intermediou o contato com a Prefeitura de Arapiraca para que o Poder Executivo fosse parceiro do Ministério Público durante a ação do Agosto Lilás. “Conversamos com representantes do município e todos se dispuseram a nos ajudar. Foi uma parceria importante porque essa não é uma causa só nossa, ela é de cada um de nós e de todas as instituições”, contou Magela.
“Nossa rede de atendimento já atua em parceria com a Juizado da Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, ou seja, ela já é uma aliada do Ministério Público e do Poder Judiciário. Mas, aproveitando esse evento tão esclarecedor, quero reforçar o Centro de Referência e Atendimento à Mulher em Situação de Violência (Cramsv) é realmente um importante instrumento de auxílio no combate à violência de gênero. Nossa equipe multidisciplinar atua com muita dedicação e está à disposição para servir”, garantiu a superintendente de Políticas Públicas para Mulheres, Valéria Cyntia Montomi Chaves.
Durante todo o evento, foram distribuídos panfletos falando sobre o Disk 180, a Central de Atendimento à Mulher criada pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República. Trata-se de um revelante canal de denúncia e a ligação e o serviço são gratuitos para todo o País.
Outros panfletos falavam da Lei da Maria da Pena e das punições previstas para o agressor. Também foram distribuídos cartazes e laços lilases. Além disso, um telão mostrava durante o tempo os vídeos e as artes que fazem parte da campanha Agosto Lilás do MPE/AL.
A banda da Polícia Militar fez a abertura e o encerramento das atividades.