A medida é decorrente de uma Ação Civil Pública ajuizada pela 1ª Promotoria de Justiça de Porto Calvo contra o Estado de Alagoas almejando mudar a realidade das delegacias de Polícia dos municípios de Jacuípe, Jundiá, Japaratinga e Porto Calvo, cujas estruturas foram consideradas extremamente precárias e não oferecem condições mínimas de trabalho para os policiais e para atendimento à população. Realizada pelo Juiz de Direito da 2ª Vara da Comarca de Porto Calvo, Diogo de Mendonça Furtado, a inspeção foi acompanhada pelo Ministério Público, através dos Promotores de Justiça Paulo Barbosa e Rodrigo Soares, das 1ª e 2ª Promotorias de Justiça de Porto Calvo, respectivamente.

Delegacias

Em Porto Calvo, o prédio é cedido pela prefeitura e possui várias infiltrações, e, além disto, não tem identificação na fachada, os banheiros são precários, o prédio não oferece segurança, os alojamentos são precários, a entrada do atendimento serve para acomodar motocicletas apreendidas, não há acessibilidade para portadores de deficiência, faltam equipamentos, sem cela para custódia, os presos são remanejados para a Delegacia Regional de Matriz do Camaragibe.

Em Japaratinga a situação é similar, funcionando em prédio alugado pela prefeitura e sem indicação na fachada de que se trata de uma delegacia, sem segurança, com alojamentos e banheiros precários, possui apenas um computador, não possui internet nem linha telefônica, o mobiliário velho com cadeiras rasgadas, caixas acumuladas com documentos por falta de armários, e não oferece a mínima condição de trabalho. Quando ocorre prisão, por falta de estrutura, os presos são levados para Maragogi. Já a delegacia de Jacuípe se encontra sem condição de funcionamento devido às cheias, impossibilitando uma inspeção judicial mais detalhada.

A Delegacia de Jundiá, por sua vez, sequer está instalada fisicamente, e, por isto, não foi possível realizar a inspeção judicial, sendo todo o trabalho cartorário e atendimento ao público realizado no Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), em Novo Lino, com o delegado Isaías Rodrigues respondendo pelas duas unidades.

“Enquanto presenciamos o descaso por parte do Estado de Alagoas com a segurança pública, um serviço essencial, vemos o mesmo Estado de Alagoas gastando elevados recursos públicos em contratações de shows artísticos, a exemplo do show do cantor Wesley Safadão, ocorrido no último dia 28 em Porto Calvo”, destaca o promotor de Justiça Rodrigo Soares.

“A ação é fruto de um excelente trabalho feito pela 1ª Promotoria de Justiça de Porto Calvo, responsável do Controle Externo da Atividade Policial e que tem à frente o Promotor de Justiça Paulo Barbosa. Como a ação foi distribuída para a 2ª vara de Porto Calvo, ficamos, enquanto titular da 2ª promotoria, com a incumbência de dar andamento ao excelente trabalho realizado pelo Dr. Paulo Barbosa”, complementa Rodrigo Soares.

Em razão de todo o caos instalado nas aludidas unidades da Segurança Pública, o Ministério Público requereu ao Judiciário a procedência do pedido, para que o Estado de Alagoas seja condenado em obrigações de fazer, recuperando, em caráter emergencial, as delegacias elencadas. Desta forma, o Ministério Público Estadual almeja reforma estrutural e oferta de condições dignas de trabalho para os policiais, bem como um espaço que acolha qualquer cidadão sem atropelar os direitos constituídos.

O descaso nas quatro unidades policiais fere gravemente os princípios da cidadania e compromete o serviço policial. Não há como silenciar diante de um quadro deplorável, desrespeitoso, que vai da falta de estrutura e condições insalubres de trabalho até a deficiência no recurso humano. As delegacias são inadequadas para as atividades que devem ser desempenhadas, o que provocou o Ministério Público a intervir para que o Estado de Alagoas seja obrigado a cumprir com seu dever. Os fatos narrados pelo Ministério Público na ação civil pública e constatados na inspeção judicial dispensam a produção de outras provas. Pedimos o julgamento antecipado da lide e estamos agora no aguardo de uma sentença de procedência”, afirma Rodrigo Soares.