O Ministério Público de Alagoas (MPAL) sai com a sensação de uma grande missão cumprida, a família com a dor aliviada e a sociedade com a resposta esperada. Foram mais de nove horas, uma grande atuação do promotor de Justiça Thiago Riff sustentando todas as qualificadoras e convencendo o conselho de sentença a condenar José Roberto de Morais a 51 anos, 11 meses e 15 dias de reclusão, em regime fechado, pela morte do enteado Danilo Almeida, de sete anos, assassinato ocorrido em outubro de 2019, no bairro do Clima Bom, em Maceió.
O membro ministerial, Thiago Riff, fala da sentença ressaltando que a justiça foi feita e que a pena é uma resposta para a sociedade e um alerta para que crimes dessa natureza não ocorram.
“Trabalhamos como facilitadores, mostrando as provas dos autos para que os jurados possam tomar suas decisões com todos os embasamentos, sem que restem quaisquer dúvidas. Tratamos de um caso difícil, delicado, que sensibilizou a todos que tomaram conhecimento dos requintes de crueldade com os quais um menino indefeso, de apenas sete anos, foi assassinado. Principalmente quem é pai e mãe, não dá para falar de algo assim sem se angustiar. Mas, o dia exaustivo de debates valeu a pena, saímos satisfeitos com todas as qualificadoras acatadas e o réu condenado a quase cinquenta e dois anos de prisão, assim, afirmamos para a sociedade que a justiça foi feita”, declara o promotor Thiago Riff.
Júri
Durante o interrogatório, o réu José Roberto entrou em contradição. Ele foi considerado frio, pois respondia sorrindo aos questionamentos tentando reportar responsabilidades para a mãe do menino Danilo, inclusive sustentou que a criança teria sido vítima de magia negra cuja suspeita era uma mulher da vizinhança. Porém, testemunhas afirmaram que ela havia falecido um ano antes do crime.
José Roberto foi condenado por homicídio qualificado, ocultação de cadáver, estupro de vulnerável conforme denúncia feita em novembro de 2020, pelo promotor de Justiça Rodrigo Soares. Já o promotor de Justiça Dênis Guimarães iniciou o acompanhamento do processo e fez instrução até às alegações finais antes da pronúncia.
O caso
Era o dia 11 de outubro de 2019 quando, a pedido da mãe, o menino Danilo teria ido levar talheres para o padrasto, na oficina da qual era proprietário. Enfurecido pela demora, José Roberto teria se vingado espancando, cometendo abuso sexual e, em seguida, matando-o. Foi confirmado pela Polícia Cientifica que houve asfixia, porém havia várias perfurações na cabeça da vítima.
Constatado o “desaparecimento”, o acusado mostrou-se solidário à companheira e mãe do menino chegando a irem juntos até a Central de Flagrantes. Nos autos consta que o criminoso, somente após perceber a mobilização das pessoas da comunidade teria deixado o corpo em lugar visível. Um fato que chamou a atenção foi o menino Danilo ter sido encontrado com roupas diferentes das que saiu de casa, além de o corpo está totalmente limpo sem nenhuma marca de sangue levando a crer que ele tenha higienizado.
Na tentativa de esquivar-se da suspeita, José Roberto teria criado um álibi disseminando que a vítima teria sido arrastada por uma mulher do cabelo verde, a qual Daniel, irmão de Danilo, teria dado uma mordida e assim conseguido fugir, o que foi derrubado pela acusação. Pesou sobre o assassino, também, denúncia caluniosa contra os delegados do caso, pois, em entrevistas alegou ter sofrido tortura pelas autoridades policiais.
Outros crimes
Além do bárbaro assassinato do menino Danilo, o condenado José Roberto também já tinha um histórico de crimes, ocorridos em 2010, na cidade de Arapiraca, e sido condenado por estupro de vulnerável, cárcere privado , tentativa de homicídio, lesão corporal, e sequestro.
Durante o julgamento foi falado que chegou a agredir uma ex-companheira o que resultou em um aborto. A mãe de Danilo também confessou que já havia sido agredida com socos.
Fotos: Anderson Macena