Pescador no município de Roteiro, o senhor Eronildes Cândido do Nascimento tem o manguezal como um meio de conseguir o seu sustento e de sua família. Por esse motivo, ele compareceu na manhã desta quarta-feira (16) ao Instituto Federal, em Marechal Deodoro, para acompanhar o lançamento do projeto Pró-Manguezais, que visa incentivar a proteção e a preservação dos mangues em Alagoas.
A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Ministério Público do Estado (MPAL) e o Ministério Público Federal, com a participação de instituições municipais, estaduais e federais que atuam na causa ambiental, além do terceiro setor. O projeto piloto prevê a realização de ações nos municípios de Marechal Deodoro, Roteiro e Barra de São Miguel, podendo ser expandido para outras localidades.
Durante o lançamento do projeto, a promotora de Justiça Lavínia de Mendonça Fragoso apresentou os objetivos a serem alcançados pelo Pró-Manguezais, destacando a necessidade de preservação do ecossistema. Ela também pontuou que os mangues representam a principal fonte de renda para muitas comunidades tradicionais.
“Quando a gente fala em manguezal, a gente está falando de um ecossistema associado ao bioma Mata Atlântica, mas está tratando também de oportunidade de trabalho e renda para a população. A gente tem comunidades tradicionais que tiram o seu sustento da pesca e da extração. Então, o modo de trabalho delas precisa ser protegido. Elas também devem ser orientadas sobre a melhor forma de manejo. O Pró-Manguezais se propõe a trazer esses benefícios para a população”, pondera Lavínia.
O evento também foi prestigiado pelo procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque. Ele fez questão de registrar a sua satisfação com o Pró-Manguezais, parabenizando as instituições envolvidas no projeto. O PGJ demonstrou a sua preocupação com a atual situação dos mangues em Alagoas.
“Fico muito feliz com esse evento. Esse projeto demonstra a preocupação da sociedade com a preservação dos manguezais. Os manguezais realmente estão morrendo. Nós estamos aqui para discutir exatamente isso. Para nós, que somos alagoanos, brasileiros que amam a sua terra, que amam a natureza, essa é uma iniciativa que deve ser louvada e aplaudida”, declarou o procurador-geral de Justiça.
Meio ambiente
O promotor de Justiça Jorge Dória destaca que um dos principais pontos quando se fala em manguezais se refere ao papel do ecossistema nas questões climáticas. Os mangues possuem grande capacidade de reter gás carbônico, que é um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. Porém, com a degradação humana, esse equilíbrio climático associado ao ecossistema se encontra em risco.
“O que acho mais importante na função do manguezal é de fazer a proteção contra as alterações climáticas, impedindo a emanação dos gases do efeito estufa e do carbono. Ao tempo em que ele impede que esses gases cheguem até a camada de ozônio, reduz muito esse impacto, que causa tantos danos. Estamos vendo as inundações, que muita gente pensa que é desastre da natureza. Na verdade, são excessos, desregulações decorrentes dessas ações predatórias”, pontua.
O promotor de Justiça Alberto Fonseca explica que os manguezais são berçário para várias espécies de peixes, contribuindo para o povoamento tanto de rios como mares. Porém, por conta da ação humana, o ecossistema tem sido constantemente degradado, sendo necessárias iniciativas por parte do poder público, como é o caso do projeto Pró-Manguezais.
“O manguezal é um ecossistema que vem sendo gradativamente solapado pela ação humana e isso interfere diretamente na produção dos estoques pesqueiros. O MP, com todos esses órgãos, uniu forças para um programa de conservação desse importante ecossistema não só para o meio ambiente, mas principalmente para os povos ribeirinhos e pescadores, toda essa comunidade que vive do pescado”, comentou Fonseca.
A iniciativa foi aprovada pelo pescador Eronildes Cândido do Nascimento. Natural de Roteiro, um dos locais contemplados pelo projeto, o pescador acredita que o Pró-Manguezais vai beneficiar não apenas ele, mas várias outras famílias, tendo em vista que muitas pessoas vivem da pesca na região.
“Tenho 65 anos, fui criado dentro do mangue. Lá, a gente tem sururu, ostra, caranguejo. É uma riqueza muito grande. Em Roteiro, 60% do meio de vida da população é a pesca. Nós temos de tudo nos manguezais de lá. Eu e meus filhos vivemos da pesca. Esse projeto para a gente é muito importante. Agora, é pedir que as autoridades ajudem a preservar a natureza”, finaliza.
Fotos: Anderson Macena