No minuto em que você lê este parágrafo, duas pessoas já desapareceram sem deixar vestígios no Brasil. O Ministério da Justiça estima que, a cada ano, 250 mil indivíduos somem misteriosamente no país. Para confortar as famílias, mídias sociais e aplicativos populares estão sendo usados pela polícia para cadastrar os desaparecidos, reunir informações e até mesmo receber denúncias.
Um exemplo positivo do uso da tecnologia é a ação desenvolvida pela Delegacia de Proteção à Pessoa (DPP) de Salvador. Conforme explica o jornal Nossa Metrópole, antigamente as informações chegavam somente pelo telefone ou pela página da delegacia no Facebook. Contudo, hoje é possível contatar o órgão através do WhatsApp para enviar informações e até mesmo fotografias da pessoa desaparecida.
Em entrevista ao jornal, a delegada titular Heloísa Simões contou que em apenas dois dias de serviços a equipe já recebeu trinta mensagens: “As mídias sociais têm sido bastante utilizadas pelos órgãos de segurança pública para desmontar organizações criminosas e encontrar desaparecidos”. A iniciativa se traduziu em números positivos para quem buscava filhos e parentes desaparecidos na cidade baiana. Em 2014, a DPP registrou 326 casos de desaparecimento, sendo que 318 foram resolvidos. Já neste ano foram 75 casos registrados, e 71 indivíduos localizados.
Cadastro Nacional
Estas iniciativas surgem para sanar as falhas do Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas. Em reportagem sobre o assunto, o portal Cada Minuto explica que, apesar de ter sido criado há cinco anos, o sistema não costuma ser atualizado com frequência. Para demonstrar este problema, o site buscou todos os desaparecidos no estado de Alagoas e apenas o nome do garoto Felipe Vicente apareceu. Seus dados haviam sido inseridos no dia 20 de junho de 2013, mas a criança foi encontrada morta em Maceió nove dias mais tarde.
A equipe da Magic Web Design também testou o sistema. Mesmo inserindo informações de um perfil comum, como uma criança de até 60 cm e 10 quilos, do sexo masculino e com olhos e cabelos castanhos, apareceram apenas 8 resultados.
Em resposta às críticas, a assessoria de comunicação do Ministério da Justiça explicou ao Cada Minuto que o cadastro ainda não é conhecido nacionalmente e funciona por adesão voluntária: “Qualquer pessoa pode inserir dados sobre crianças ou adolescentes desaparecidos e o instrumento que criou o cadastro (Lei nº 12.127/2009) não prevê obrigatoriedade de nenhum órgão em alimentá-lo, fato que impede uma maior celeridade em sua implantação nos estados e municípios brasileiros”.
Outros exemplos positivos
Mas, se o cadastro no sistema fosse obrigatório para as delegacias brasileiras, o cenário seria outro? Ao integrar dados do país inteiro, aplicativos poderiam ser criados e haveria aperfeiçoamento no monitoramento dos dados enviados pelas pessoas com informações sobre os casos.
O Portal dos Desaparecidos, do Rio de Janeiro, já entendeu a importância da interatividade e cooperação proporcionada pela internet. Assim, criou a Web Denúncia, que também utiliza o WhatsApp para agregar informações. Através do número (021) 99626-4393, você pode enviar fotos, vídeos, áudios e outros documentos digitais que auxiliem os órgãos responsáveis durante as investigações.
Para tornar a ação ainda mais eficiente, foi feita uma parceria com o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, onde ocorrem os trâmites para cadastrar uma pessoa desaparecida. “Toda informação vinda por esse aplicativo terá o cuidado já existente na Central de Atendimento do Disque-Denúncia”, explica o texto de divulgação da ação.
Em Curitiba, a Magic Web Design não identificou ações semelhantes para encontrar pessoas perdidas. Existe apenas uma fan page no Facebook, chamada Desaparecidos – Delegacia Eletrônica do Paraná, com a última atualização feita no dia 7 de março. Porém, o órgão não disponibiliza contato de WhatsApp para envio de dados.
Fonte: redemagic.com