O Ministério Público de Alagoas (MPAL) participou neste sábado (28) do Simpósio Empregabilidade Transforma. Organizado pelo Grupo Gay de Maceió, o evento tem como objetivo propor debates acerca da inclusão das pessoas trans e travestis no mercado de trabalho. O Simpósio faz alusão ao Dia da Visibilidade Trans, celebrado amanhã, dia 29 de janeiro.
Apesar dos avanços que a população trans conquistou durante décadas de luta, a promotora de Justiça Dalva Tenório destacou a falta de oportunidades no mercado de trabalho, algo que está diretamente relacionado ao preconceito que esse grupo vivencia em seu dia a dia. A promotora também fez questão de ressaltar que o Ministério Público de Alagoas é um aliado da comunidade LGBTQIAP+ na busca por direitos e por justiça social.
“Se é na diversidade que nos igualamos, por que tanto preconceito? Temos muito a caminhar e o Ministério Público está atento, vigilante, receptivo na luta em prol da inclusão, do respeito. É preciso acolher e respeitar as diferenças. A transfobia deve ser combatida. Ela impacta profundamente as oportunidades e condições de vida desse grupo”, defendeu a promotora de Justiça.
Desafios
Para a artista Natasha Wonderfull, que é travesti, as poucas vagas de emprego disponíveis às pessoas trans estão diretamente relacionadas às dificuldades de acesso à educação e à formação profissional. Ela acredita também que a inserção da comunidade trans no mercado de trabalho depende de políticas de incentivo junto às empresas.
“O mercado de trabalho do nosso estado é muito complicado. Há locais de trabalho que não sabem lidar com a pessoa trans e travestis, tratam a gente de forma diferente, têm medo de contratar. As pessoas ainda têm muito preconceito. A gente precisa de uma política pública que incentive essas empresas a contratarem a população trans. Isso inclusive vai diminuir a mortalidade, pois muitas acabam recorrendo à rua para poder trabalhar”, comenta Natasha.
O assessor parlamentar Cauê Assis, que é um homem trans, também compartilha do mesmo pensamento que a colega Natasha. Ele defende a criação de políticas públicas pensando em todo o processo de formação para que as pessoas trans e travestis possam estudar e se inserir no mercado de trabalho de forma qualificada.
“Acho importante pensar isso de um modo conjunto pois a gente precisa construir em paralelo a questão da empregabilidade, que é super importante, e também trabalhar desde a base, que é a escolaridade, para que as meninas e os meninos não sejam excluídos da escola, desde o ensino fundamental, e consigam chegar na universidade, ter uma formação. Isso facilita a entrada no mercado de trabalho”, pondera.
Para o presidente do Grupo Gay de Maceió, Messias Mendonça, o poder público tem um papel essencial na garantia de direitos da comunidade LGBTQIAP+. Ele também ressaltou que o Ministério Público de Alagoas vem realizando um importante trabalho no combate à discriminação e ao preconceito.
“O Ministério Público é sempre parceiro da causa LGBT. A gente aciona os membros do MP e eles sempre nos atendem. Não tem como trabalhar a diversidade sem o respeito do Ministério Público. Eles atuam diariamente para garantir os direitos da população LGBTQIA+ aqui de Alagoas”, finaliza.