O evento foi para reforçar o compromisso com o acolhimento, o amparo a meninas e meninos em situação de vulnerabilidade social. O IV Encontro da Rede de Proteção à Criança e ao Adolescente, ocorrido nessa quarta-feira (17), em Maragogi, teve em seu cronograma palestras e discussões importantes e contou com a participação do diretor do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça e promotores de Justiça da região. Na ocasião também foi inaugurada uma brinquedoteca na Casa de Acolhimento Regional Professora Elza Lira (Carpel).
O diretor do Caop, promotor de Justiça José Antônio Malta Marques, começou sua fala se mostrando emocionado pelos resultados advindos com a casa de acolhimento da Região Norte do Estado, sediada na acolhedora cidade Maragogi.
“Não poderia iniciar minha fala sem externar o sentimento e reconhecimento à Casa de Acolhimento Regional Professora Elza Lira pelo zelo, carinho e abnegação de toda a equipe que presta seus valiosos serviços neste espaço que costumo chamar de “Casa do Amor”. É muito bom constatar que esse amparo a crianças em estado de vulnerabilidade tem o Judiciário como aliado e ressalto aqui a sensibilidade da doutora Lívia, juíza de Direito da Infância e da juventude da Comarca de Porto Calvo, com a causa da casa de acolhimento. O Ministério Público de Alagoas tem pautado sua atuação de forma proativa e resolutiva, onde detectamos os problemas e procuramos a solução. Neste projeto buscamos a parceria com os gestores municipais e passamos à prática com as criações de casas de acolhimento em diversas regiões do estado, enfatizando que a CARPEL foi a primeira. Devo destacar, também, que os promotores de Justiça com atuação nesta região, têm desenvolvido um trabalho hercúleo em defesa das crianças e dos adolescentes, destacando-se o carinho, amor, e competência dedicados às politicas de atendimento e proteção à todos os acolhidos”, declara.
Malta Marques informou que, graças à iniciativa do MPAL, o estado de Alagoas tem hoje cobertura de 80% dos municípios com casas de acolhimento e assegurou que a próxima será implantada na Região da Mata.
“A dor que uma criança em estado de vulnerabilidade sofre, não é somente a física, razão pela qual precisam de cuidados, quando isso não ocorre é falha do poder público, que tem a obrigação de fazê-lo e, nestes casos, o Ministério Público é instado a agir pautado no império da lei para assegurar os direitos e garantias às políticas públicas que lhes é garantido em toda sua amplitude”, conclui.
A promotora de Justiça de Maragogi, Francisca Paula, agradeceu pelo engajamento de todos os participantes.
“Todos vieram em prol da criança e do adolescente e estão aqui querendo se aperfeiçoar, qualificar-se para atuar com maior qualificação, melhor assistir a esse público. O MP está aqui para proteger os direitos das crianças e os adolescentes, tudo isso aqui é muito pouco, mas já é muito válido”, disse. E aproveitou o ensejo para pedir que o diretor do Caop estudasse a possibilidade de se implantar a casa de acolhimento para idosos.
Empolgado com o projeto das casas de acolhimento, o promotor de Justiça Paulo Barbosa, titular de de Porto Calvo, direcionou a introdução do seu discurso aos servidores cedidos para atuar na casa de acolhimento.
“Não há como deixar de falar nos servidores , eles doam sangue, suor e lágrimas para promover com muita decência os direitos das crianças e adolescentes que são encaminhados para a casa de acolhimento. A realização dos eventos periódicos concitou não somente o poder público, mas também a toda sociedade a se engajar. Aqui temos uma casa de acolhimento de excelência, mas para ela existir é preciso compromisso. Aproveito para lembrar do último encontro on-line que tivemos onde pontuei sobre a necessidade de se cumprir o acordo, é preciso responsabilidade do poder público para que a Carpel não feche as portas”, pois precisamos cuidar das nossas crianças hoje para não precisarmos punir os adultos de amanhã, enfatizou.
Pontuou a defensora pública Caroline Góes evidenciou o trabalho de todos e disse que estará sempre à disposição no processo de acolhimento.
“O papel de todos é muito importante e aqui somos compromissados com os direitos da criança e do adolescente. A Defensoria está à disposição, sempre de porta aberta para o diálogo”, falou.
A juíza Lívia Mattos também parabenizou a equipe da Carpel destacando o compromisso de todos e afirmou que isso não é algo peculiar no serviço público.
“É uma alegria imensurável trabalhar com quem gosta de trabalhar. E essa equipe atua com clareza. Infelizmente isso não é algo permanente no serviço público e em muitas casas de acolhimento não temos isso. Os elogios a eles têm de ser em público para fomentar e outros possam copiar as boas práticas”, declarou.
Bárbara Kelly , advogada e diretora da Carpel, diz ter convicção de que o amor doado às crianças modifica o futuro.
“Quando uma criança sai da Carpel tenho certeza de que terá um futuro melhor. Quero ressaltar o amor de doutor José Antônio a essa casa, quando o acionamos. Se fomos incumbidos de uma missão entendo que devemos usar as melhores armas porque não há recompensa maior do que uma criança nos abraçar e dizer que somos tudo na vida dela”, falou emocionada.
O encerramento do encontro trouxe uma emoção À parte quando o psicólogo Wellington apresentou, com autorização, um vídeo do casal americano que adotou o menino Manoel (nome fictício) oriundo da Carpel.
“É emocionante assistirmos a tudo isso, sabermos que “Manoel” está sendo bem cuidado, que encontrou pessoas que querem amá-lo de verdade. Quase todos os dias recebemos imagens dele com o casal, temos informações de sua vida no convício escolar, inclusive está numa escola de línguas. O que podemos falar diante de tudo isso? Por essa razão temos cada vez mais a convicção de que nosso trabalho está dando certo”, concluiu.
Como extensão do evento houve o registro da inauguração de uma brinquedoteca na casa de acolhimento, um espaço para o desenvolvimento da leitura brincando.
Fotos: Claudemir Mota