O evento ocorreu no prédio-sede da Procuradoria-Geral de Justiça, no bairro Poço, em Maceió, e teve como finalidade a assinatura de um termo de cooperação por representantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), da Polícia Federal (PF) e da Ordem dos Advogados do Brasil (Secção Alagoas), agora novos parceiros, pelo qual oficializaram o compromisso com o Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (Plid/AL), do Ministério Público Estadual. Na ocasião, todos os integrantes da Rede renovaram a participação no programa e foram homenageados com Menção Honrosa. O procurador-geral de Justiça (PGJ), Márcio Roberto Tenório de Albuquerque fez a abertura do evento comandado pela promotora de Justiça Marluce Falcão e encerrado pelo subprocurador-geral administrativo institucional Lean Araújo.

O Plid não tem rosto, não tem cor, não tem classe social, ele tem o Ministério Público numa parceria indispensável com diversos órgãos estaduais, federais e municipais, e de conselhos, num juramento para proteger a dignidade humana. Em sua fala, o chefe ministerial salientou seu respeito à sociedade e, consequentemente ao cidadão.

“O evento de hoje demonstra mais uma vez que o Ministério Público é proativo e resolutivo, composto por homens e mulheres honrados e que caminham buscando amparar o cidadão. No caso do Plid, que nos trouxe aqui para um momento ímpar, sem essa parceria nada seria possível, sem esse entendimento de cada um dos senhores de que o cidadão alagoano precisa do nosso respeito não conseguiríamos levar esperança, acalmar os corações de tantas mães, pais, famílias inteiras. Gostaria de ressaltar que, para nós, é um grande orgulho tê-los conosco”, declara o PGJ.

A coordenadora do Plid referiu-se ao momento como um encontro de família, onde cada um tem seu papel importante, relevante e indispensável. Onde a experiência e compromisso individuais são as maiores ferramentas para a soma de forças e garantia de grandes resultados quando se fala em vidas.

“O que fazemos hoje aqui é um reconhecimento pela doação de cada um de vocês que integra o Plid, que nos ajuda a semear esperança, que nos ajuda a levar amor ao próximo. A rede Plid é muito maior do que possamos imaginar, ela é gigante. Hoje posso visualizar o quanto evoluiu e foi fortalecida com tantos parceiros que, apesar da labuta diária nos órgãos onde atuam, vestem a camisa por tão nobre causa. Isso pode parecer pouco, mas estará na ficha funcional para que os órgãos de origem saibam do servidor compromissado, responsável, lembrem o quanto vocês são importantes para a sociedade alagoana. O momento é para reafirmarmos nosso compromisso com o Plid, mas também para acolhermos novos parceiros que são as polícias Federal e Rodoviária Federal e a OAB Alagoas, sejam muito bem-vindos, continuemos juntos”, enfatiza.

Quem também fez uso da fala foi o corregedor-geral do Ministério Público, Maurício Pitta, parabenizando a todos pela dedicação.

“O que mais marca o trabalho realizado por todos vocês é a cura das ausências e a capacidade de minorar as dores daqueles que sofriam com o desaparecimento de seus entes queridos e isso é o principal. Não é difícil imaginar a dor de alguém cujo aquele que ama desapareceu e não se saber se ele está vivo ou não. O fato de se tomar conhecimento de seu paradeiro já é um imenso conforto. E vocês, nesse trabalho conjunto, certamente ganham pontos “lá em cima”, afirmou o corregedor-geral.

Os representantes dos novos órgãos incorporados ao Plid falaram da satisfação de poder atuar e contribuir  com o Ministério Público.

“Quero parabenizar a todos aqui, pois sei do esforço de cada, porque ninguém faz nada sozinho, e para aquelas famílias e amigos de desaparecidos nos fizemos a diferença, Somente com essa rede de apoio, de união de forças e muito trabalho já estamos fazendo o diferencial em Alagoas”, afirma a superintendente da Polícia Federal, Luciana Paiva.

“A PRF é uma polícia cidadã em seu gemear e quando conversei com a doutora Marluce sobre esse projeto não tive dúvidas de que deveríamos estar inseridos nele. Pagaram-me a missão de reconduzir a PRF para esse caminho da polícia cidadã, dos direitos humanos e faremos isso com muito orgulho. Temos uma capilaridade, estamos presentes em todo o Brasil, são mais de oitenta mil quilômetros de rodovias federais e tenho convicção de que, com essas características, poderemos contribuir muito com o programa”, disse o superintendente da PRF, Juliano Lessa.

“Fazemos um trabalho intersetorial, atuando em diversas áreas, não somente com a comissão em direitos humanos como em outras. Estou muito feliz em participar do evento e, principalmente do programa, afirmando que a OAB estará disposta a ajudar, pois será muito significativo para a sociedade”, declarou

O subprocurador-geral de Justiça Lean Araújo encerrou o evento saudando a todos em nome da superintendente da PF e da promotora de Justiça Marluce Falcão, fazendo alusão ao Agosto Lilás, de combate à violência contra a mulher. Em seu discurso, parabenizou os servidores do MPAL que compõem o Plid, estendendo a congratulação aos demais que formam a rede de buscas.

“Nós que fazemos o Ministério Público também participamos da atividade acadêmica, então, primeiro quero falar do orgulho de aqui ter encontrado vários ex-alunos e, obviamente, ficamos felizes ao observarmos a forma como ocuparam espaços dentro do setor público e fora dele. Porém, nos sentimos muito mais lisonjeados quando observamos, num contexto como este, a capacidade de desenvolver ações integradas de políticas públicas. O que é mais sensível nisso tudo é a certeza de que ninguém está fazendo eleição de um protagonista isolado. Precisamos entender que temos um dever para com a comunidade e esse engajamento do MP com as polícias Judiciária, Rodoviária Federal, Federal, polícias Militar e Civil, e Científica, o Bombeiros Militar, o Hospital Geral e todos os outros nos faz enxergar claramente o que significa políticas públicas”.

Ele lembrou a dificuldade inicial para a implantação do Plid, enfatizando a evolução no processo e nos resultados. Na concepção de Lean Araújo “se não unirmos, não agregarmos, ficará impossível transformarmos a realidade’.

O diretor do Caop, promotor de Justiça José Antônio Malta Marques, e o promotor de Justiça e chefe de gabinete Humberto Bulhões compuseram a mesa  e participaram da entrega das menções honrosas.

O evento contou com um momento importante onde foi apresentado um vídeo com falas de pessoas que tiveram ou têm parentes desaparecidos. Ele é parte de um vídeo institucional que está sendo finalizado e será usado numa grande campanha que está sendo preparada e, em breve, estará na mídia orientando a sociedade alagoana sobre sua atuação. O propósito é aproximar o cidadão do Plid para, numa necessidade, já saber a quem recorrer.

Plid

O Plid Alagoas, oficialmente, no momento, tem em seus dados 2.530 casos, destes 446 foram concluídos, mais 2.083 casos estão em investigação e um aguarda instauração. Na totalidade, 63,89% são do sexo masculino e 33,19% do sexo feminino. Entre os desaparecidos, 31,51% tem idade entre 12 a 17 anos; em seguida, vêm os de 31 a 40 anos com 17,12%; de 18 a 24 anos com 16,65%; de 41 a 50 anos com 9,87%; de 25 a 30 anos são 9,39%; mais de 60 anos 6,66%; de 0 a 11 anos são 2,62%.

De acordo com a estatística, em sua maioria, no caso 37,61% dos desaparecimentos são sem motivo aparente; 18,36% por conflito intrafamiliar; 12,70% por problemas psiquiátricos; 9,80% perda de contato voluntário; 6,835 por dependência química; 6,21% possível vítima de homicídio; 6,07% possível vítima de sequestro; 1,24% por envolvimento com o tráfico de entorpecentes; 1,04% institucionalização- paradeiro desconhecido; 0,62% por abandono; 0,41% por apreensão ou prisão; 0,145 possível vítima de acidente; 0,07% subtração para exploração sexual; 0,07% possível óbito não comunicado (exceto homicídio); mais 0,07% possível vítima de feminicídio e o mesmo percentual também para possível vítima de afogamento.

Fotos: Anderson Macena