MPAL NO CASO BRASKEM
Força-tarefa do MPAL no Caso Braskem
Em março de 2018, um tremor de terra foi sentido em Maceió, mais especificamente no bairro Pinheiro, o que ocasionou uma série de problemas, como rachaduras em imóveis da região, fendas nas ruas, afundamento do solo e o surgimento de crateras. Pouco tempo depois, situação similar ocorreu nos bairros Mutange e Bebedouro. Em junho de 2019, essa passou a ser a realidade também dos moradores do bairro Bom Parto.
Chamado para analisar o fenômeno, o Serviço Geológico do Brasil começou a apurar o que estava acontecendo na região. Em paralelo, visando uma solução para a problemática já instalada, o Ministério Público de Alagoas criou, no dia 23 de janeiro de 2019, uma Força Tarefa composta por cinco promotores de Justiça para a condução de três procedimentos, todos originados na 66ª Promotoria de Justiça da Capital:
09.2018.00000637-5
05.2018.00000570-9
02.2019.00000292-8
A primeira medida judicial
No dia 1º de abril do mesmo ano, o Ministério Público de Alagoas e a Defensoria Público do Estado ajuizaram ação civil pública contra a Braskem buscando a devida reparação pelos danos causados pela empresa aos moradores e aos bairros atingidos. Para isso, os órgãos solicitaram o bloqueio de mais de R$ 6 bilhões das contas da mineradora. Em maio, o Município de Maceió decretou estado de calamidade pública.
No fim de 2019, o Serviço Geológico do Brasil apresentou o “Relatório Técnico sobre a Instabilidade dos Bairros”, comprovando a atividade de mineração como a principal razão dos danos na região, o que confirmou a importância da ação civil pública proposta pelo MPAL meses antes.
Vale destacar que, após o ajuizamento de várias ações por instituições diferentes, o Tribunal Regional da 5ª Região decidiu pela competência federal para atuar no caso, uma vez que a atividade de mineração é regida por legislação federal. No entanto, o Ministério Público do Estado de Alagoas seguiu atuando ao lado de uma força-tarefa constituída pelo próprio MPAL, Ministério Público Federal e Defensorias Públicas do Estado e da União.
O acordo
Em dezembro de 2019, MPAL, MPF, DPE e DPU, com o apoio do Observatório Nacional, firmaram acordo inédito com a Braskem, que foi homologado nos autos das ACPs 0803836-61.2019.4.05.8000 e 0806577-74.2019.4.05.8000 (ambiental), que tramitam na 3ª Vara Federal de Alagoas. O objeto do acordo foi a regulamentação das ações para a desocupação das áreas afetadas com base em critérios de risco, prevendo a conclusão em até dois anos. No documento, a Braskem se responsabilizou pela indenização por danos morais e materiais aos moradores.
Atualmente, o referido acordo já envolveu cerca de 60 mil pessoas, totalizando 14 mil imóveis nos bairros afetados. O acordo determinou a restituição de aproximadamente R$ 3,7 bilhões pela Braskem, sendo R$ 1,7 bilhão para manutenção do Programa de Compensação Financeira e Apoio à Realocação.
Áreas socioambiental e urbanística
Em outubro de 2022, MPAL, MPF e DPU assinam termo de acordo com Braskem e Prefeitura de Maceió para garantir integração urbana na região dos Flexais. Documento previu melhorias nas condições de vida da população que foi atingida pela evacuação dos bairros afetados pela mineração. Ações devem ser cumpridas em até 24 meses, incluindo construção de creche, escola, unidade básica de saúde e centro comercial.
Em 30 de dezembro de 2022, na área socioambiental, um acordo foi assinado obrigando a Braskem a promover o monitoramento e a estabilização do solo, o que envolve o preenchimento das minas, a reparação/compensação dos danos ambientais e a reparação dos danos sociourbanísticos. Ele foi firmado no valor de R$ 150 milhões.
A mineração
A antiga Salgema, hoje Braskem, explorava minas para extração de sal-gema, matéria-prima para fabricação de cloro, soda e PVC desde a década de 1970. Em 2019, após a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) do Ministério das Minas e Energias ter comprovado que os tremores e as rachaduras foram provocados pela mineradora, a atividade da empresa foi suspensa, paralisando 35 poços de extração em área urbana.