Durante 15 dias de fiscalização, equipes mapearam irregularidades, desenvolveram atividades educativas com a comunidade e realizaram ações preventivas em cidades do Sertão de Alagoas
Uma população mais consciente sobre a sua responsabilidade com o meio ambiente. Esta foi a grande marca da 12ª etapa da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco. Durante a Audiência Pública de encerramento, realizada na sede do Instituto Federal de Alagoas (IFAL) no último sábado (09) em Santana do Ipanema, foi apresentado o balanço das ações realizadas durante 15 dias de trabalho.
“A FPI permaneceu 15 dias na região do Sertão alagoano, sediada em Santana do Ipanema, visitando e fiscalizando diversos municípios que estão em seu entorno. Mapeamos as irregularidades constatadas, desenvolvemos atividades educativas, preventivas e também fiscalizatórias. Ampliamos a questão da educação ambiental, que hoje é um foco de extrema importância na FPI, para tratar das mudanças climáticas, que é uma temática extremamente pertinente e atual”, explicou a coordenadora da FPI, promotora Lavínia Fragoso do Ministério Público do Estado (MPAL). A promotora ressalta que a educação ambiental foi trabalhada não apenas com estudantes, mas com professores, que são multiplicadores de informação.
Para o coordenador da FPI e promotor do MPAL, Alberto Fonseca, o trabalho da FPI na melhoria da qualidade e quantidade de água na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco foi o foco. “Nesta etapa, nós tivemos destaque para a educação ambiental, que foi inferida de forma transversal em todas as equipes. Haja vista que temos uma equipe específica, porém, vimos a necessidade dessa incorporação da educação ambiental em todas as equipes. Conseguimos realizar atividades desenvolvidas pela Equipe Fauna, pela Equipe Flora e Equipe Recursos Hídricos e, a ideia agora é envolver a Equipe Segurança de Barragens. É preciso mostrar a importância da manutenção das barragens para que se afaste o risco de tragédias como as de Minas Gerais”, explicou.
O promotor de Justiça Kléber Valadares, também do MPAL, destacou as inovações dessa etapa da FPI. “Gostaria de mencionar que nessa etapa foram adotadas diversas inovações. No encerramento pudemos assistir a uma apresentação de teatro dos alunos da Escola Estadual de Monteirópolis, com respeito ao tema meio ambiente, a importância da consciência ambiental e da responsabilidade do ser humano com relação a essa preservação. A FPI vem fazendo com que os estudantes, professores e toda a comunidade tenha conhecimento da importância dessa preservação”, disse.
A importância da FPI para a proteção das comunidades tradicionais do Sertão de Alagoas foi ressaltada pelo procurador da República Érico Gomes. “Essa etapa foi interessante porque nós descobrimos a origem de vários quilombos, como o Quilombo Jorge, que tem uma vinculação direta com o Quilombo dos Palmares, de Zumbi. Também descobrimos mais um sítio arqueológico em Maravilha e mais uma vez reforçamos a importância da história, destacada de diversas formas na FPI”, comentou o procurador da República.
Maciel Oliveira, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), agradeceu aos mais de 170 profissionais que atuaram na 12ª etapa da FPI do São Francisco. “É um momento de agradecer a todos os profissionais, que durante duas semanas deixaram suas casas, suas famílias, para lutar pelo Velho Chico, pensando também nas pessoas. É bonito ver a evolução desses 10 anos de FPI em Alagoas, as mudanças observadas na população das cidades, a melhoria ambiental e da qualidade de vida do nosso povo”, disse Maciel.
A promotora de Justiça, idealizadora e coordenadora-geral da FPI da Bahia, Luciana Khoury, também participou da audiência de encerramento da etapa em Alagoas, e lembrou que o que acontece em Minas Gerais, onde nasce o São Francisco, influencia em todo Baixo São Francisco. “Não tem rio sem povo e povo sem rio. Precisamos proteger o São Francisco, porque ele é vida. A FPI está melhorando a cada dia e já são 20 anos de programa, que acontece em Sergipe, Minas Gerais, Pernambuco, Bahia e Alagoas, e a cada ano está mais integrado com a comunidade. Resistimos a uma pandemia e retornamos mais fortes e mais conscientes de que, o modo como estamos vivendo, é insustentável. Temos que chamar a atenção para o aquecimento global. Que planeta a gente quer viver?”, indagou.
Além de Santana do Ipanema, a 12ª etapa da FPI esteve atuante nas seguintes cidades: Canapi, Dois Riachos, Maravilha, Olivença, Ouro Branco e Poço das Trincheiras dos dias 27 de novembro a 09 de dezembro. Mais de vinte instituições e órgãos fiscalizadores estiveram presentes divididos em quinze equipes diferentes em busca de uma melhor qualidade de vida da população ribeirinha e em defesa do meio ambiente.
RESULTADOS
A Equipe de Educação Ambiental realizou uma Formação Continuada em Educação Ambiental com 230 educadores entre professores, coordenadores e diretores de escolas públicas municipais; promoveu Oficina de Sabão com 238 pessoas entre alunos, mães de alunos e merendeiras; o Cine Ambiental com destaque para o tema mudanças climáticas com um total de 464 alunos do ensino fundamental e a Caravana Ambiental, gincana com jogos educativos com a participação de 1200 alunos, 80 professores e 14 escolas.
A Equipe Sede de Aprender que tem como objetivo mapear as condições e situações estruturais das escolas públicas, principalmente no tocante ao abastecimento e distribuição de água potável, bem como seu saneamento, visitou vinte escolas, reuniu-se com dois secretários de municípios e coletou 40 amostras de água para aferição de potabilidade.
A Equipe de Gestão Ambiental atuou junto aos promotores e secretários das respectivas cidades da 12ª etapa para criar um grupo de trabalho com o intuito de se ajudarem mutuamente na estruturação de leis e políticas ambientais de cada município.
As demais equipes atuaram pelos seus alvos e alvos-extras contabilizando mais de 500 fiscalizações e abordagens.
EQUIPE FAUNA
A Equipe Fauna resgatou 804 animais, sendo as aves o maior número (703). Elas foram devolvidas à natureza tanto na Caatinga quanto numa região de Mata Atlântica. Pela primeira vez, a equipe criou um laboratório de campo para pesquisa e análise da saúde dos animais resgatados. Como a espécie que mais deu entrada foi o Galo de Campina, ela foi escolhida para estudos e foi percebido que dos 221 resgatados, apenas 25% estavam em condição nutricional normal.
Flávio Maia e Thayanne Magalhães / Ascom FPI
Assessoria de Comunicação da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do São Francisco
Imagens: Allerson Jesus/Ascom FPI do São Francisco