Saúde mental é prioridade na atuação do Ministério Público que tem cobrado a estruturação da Rede de Atenção Psicossocial em todo o estado. Dentro do contexto, na tarde dessa segunda-feira (5) ocorreu uma reunião no prédio-sede, no bairro do Poço, em Maceió, onde a promotora de Justiça Micheline Tenório recepcionou representantes das secretarias Estadual e Municipal da Saúde, do Comitê Estadual de Prevenção e Posvenção do Suicídio de Alagoas – CEPPSAL e do Conselho Estadual de Saúde – CES . O momento serviu para a apresentação do projeto do 1º Centro de Atendimento Integrado, Prevenção e Posvenção do Suicídio e Autolesão que funcionará no Hospital Geral do Estado (HGE).

Micheline Tenório, que também é coordenadora do Núcleo da Saúde do MP de Alagoas, ressaltou a importância do comprometimento dos gestores estadual e dos municípios alagoanos com a causa.

“A reunião foi para conhecermos o CAIS do HGE, centro de acolhimento a pessoas vítimas de tentativa de suicídio e de autolesão assistidas no HGE, bem como dos familiares, que promove o cuidado com foco na prevenção e na posvenção do autocídio. O Cais é um projeto que merece destaque, uma iniciativa da Sesau, que envolveu diretamente a coordenação da supervisão de saúde mental, as coordenações da psicologia e do serviço social do HGE e suas equipes . Com o adoecimento mental em ascendência a rede de atenção psicossocial precisa ser financiada e ampliada, para tanto é necessário que os gestores estadual e municipais se comprometam com a população para instalar os equipamentos necessários e implementarem todos os pontos da assistência necessários ao cuidado integral do paciente”, destaca.

A promotora reforça que “a sociedade está clamando que os gestores direcionem suas decisões para essa população que precisa de cuidado urgente. Depressão, ansiedade, bullying, que são mazelas da modernidade contribuem para esse aumento, dentre outras já muito antigas, como desassistência, pobreza, fome, violência sexual, drogas e discriminação, que juntas impactam terrivelmente no adoecimento . Então é preciso que todos, gestores, sociedade e família, entendam suas responsabilidades. E uma demonstração clara de responsabilidade é a instalação de CAIS e de leitos de saúde mental em hospitais gerais, o atendimento acolhedor é imprescindível, pois as vítimas dão entrada nas urgências e emergências e muitas vezes, por vergonha e medo, não comunicam o que de fato ocorreu. E essa equipe multidisciplinar com psicólogos , assistentes sociais, dentre outros, fará a diferença”.

A Presidente do CEPPSAL – Comitê Estadual de Prevenção e Posvenção de Alagoas, Delza Gitaí, destaca a sensibilidade dos profissionais numa questão que considera delicada.

“Foi uma reunião produtiva , com muita representatividade, várias ideias surgiram e, principalmente, pela oportunidade de vermos o esforço pessoal, a ética no tratamento de questões tão importantes e tão sensíveis como são o suicídio e a saúde mental. Perceber gente tão nova e comprometida, para mim, é o futuro que se instala no presente”, afirma.

A coordenadora do Núcleo de Psicologia do HGE, Soraya Suruagy do Amaral, fala sobre o olhar diferenciado que terão os profissionais no CAIS.

“A proposta é de acolher esse público diferenciado que chega ao HGE com tentativa de suicídio e autolesão e ter um olhar específico para ele. Junto com o Serviço Social, a Psicologia fará o acolhimento, analisar a necessidade de ser encaminhado a um psiquiatra das redes municipais e acompanhar o processo de restabelecimento da saúde mental dele. Tando dele, o usuário, como da família, pois quem tem uma pessoa assim em casa adoece também, isso se chama posvenção”, explica.

A coordenadora da Supervisão de Atenção Psicossocial (Suap) Tereza Cristina Tenório, enxerga no CAIS o poder de transformação nos dados estatísticos em Alagoas.

“É uma missão que nos deixa muito felizes, uma proposta que nasceu na Suap, como parte de um plano estadual desenhado com várias frentes para melhorar, qualificar e fortalecer a atenção psicossocial no estado. E o CAIS vem como essa iniciativa para se ter um acolhimento humanizado, trabalhando a prevenção e reduzindo os números de suicídios, poder cuidar das pessoas para que elas não se percam na rede. Para que sejam acolhidas e encaminhadas de forma assertiva. Como a doutora Micheline falou é um pensar fora da caixa e o estado está lançando, esperamos que seja o primeiro de muitos”, analisa.

Um dos pontos considerados preocupantes pelos participantes da reunião diz respeito às subnotificações, eles entendem que o número de suicídios e tentativas, em Alagoas, é ainda maior do que o contabilizado porque nem sempre a vítima relata e/ou os familiares não registram os fatos.

A reunião contou também com a representante do Centro de Referência da Saúde do Trabalhador de Maceió (Cerest). Pela Sesau, além do Suap, estiveram servidores da Secretaria de Ações da Saúde, da Gerência de Vigilância e Controle de doenças Não Transmissíveis.

GALERIA DE FOTOS: