Após percorrer várias cidades do Sertão de Alagoas, a Fiscalização Preventiva Integrada da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (FPI do São Francisco) já celebra a melhoria da qualidade da água que tem abastecido a população local, graças à conscientização dos gestores públicos acerca da importância de se investir, por exemplo, em esgotamento sanitário.
É o que atesta o laboratório itinerante da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), parceira da FPI. O laboratório funciona em um ônibus que, durante toda a 9ª etapa da fiscalização, encontra-se em Santana do Ipanema. Ele já recebeu 48 amostras e, segundo o farmacêutico bioquímico Tadeu Barbosa, a grande maioria está de acordo com os padrões estabelecidos pela portaria 2.914/2011, do Ministério da Saúde, que leva em consideração aspectos como cor, turbidez e pH da água.
“Todas as amostras coletadas pela equipe Recursos Hídricos ao longo da FPI são trazidas para cá, sendo submetidas às análises microbiológica e físico-química. Ainda estamos quantificando os resultados, mas, hoje, já temos condições de afirmar que, na grande maioria dos casos, o resultado tem sido bem superior se comparado com o início da fiscalização, quando detectamos níveis de cloro muito baixos. Em alguns casos, verificamos, inclusive, a ausência de cloro residual livre, que é usado na desinfecção da água, em várias amostras”, afirma o farmacêutico, que participa da FPI desde a sua primeira edição, em 2014.
No laboratório, a equipe que recebe a amostra introduz na água examinada um meio de cultura, que nada mais é do que uma substância capaz de fornecer os nutrientes necessários para o desenvolvimento de micro-organismos, como fungos e bactérias, fora de seu habitat natural.
“Ele é o alimento para as bactérias que estiverem presentes na água, para que possamos observar se elas vão se desenvolver. Posteriormente, leva-se a amostra para uma estufa a trinta graus Celsius, durante 24 horas. Ao término deste processo, quando se obtém a coloração neutra, temos a prova de que o cloro utilizado naquela água foi eficaz, não havendo a presença de micro-organismos”, explica Barbosa.
Já quando a água apresenta a cor amarela ao ser retirada da estufa, tem-se um sinal da presença de coliformes totais. “Com isso, o próximo passo é levar a mesma amostra para um equipamento que vai indicar, por meio de uma luz ultravioleta, a presença ou não de Escherichia coli, que pode causar, entre outras coisas, forte diarreia. Neste caso, conclui-se que a água está contaminada, havendo a presença de material fecal”, reforça o especialista, acrescentando que, ao término das análises, todos os resultados são disponibilizados à equipe 3 da FPI, a quem compete acionar os órgãos responsáveis.
A FPI segue, agora, para o último dia de atividades antes da audiência pública marcada para as 9h desta sexta-feira (15), no município de São José da Tapera. Coordenada pelo Ministério Público do Estado de Alagoas, a Fiscalização Preventiva Integrada reúne mais de 20 instituições e atua na proteção das águas do São Francisco e de seus afluentes, da saúde e segurança do trabalhador, além de todo o patrimônio, natural e cultural, dos 50 municípios que compõem sua bacia hidrográfica.