As crianças são o futuro do Brasil. O velho adágio se encaixa bem em tempos em que se discute tanto o tema de preservação ambiental, a exemplo de desmatamento, queimadas e poluição. Partindo dessa premissa, a Fiscalização Preventiva Integrada do Rio São Francisco da Tríplice Divisa (FPI), por meio da equipe de educação ambiental, tem percorrido escolas municipais da região da Bacia Hidrográfica do Velho Chico. O objetivo é formar multiplicadores na defesa do meio ambiente.
Para que isso aconteça, os trabalhos da equipe começam um pouco antes do início da FPI do São Francisco. As crianças que terão as escolas visitadas recebem, algumas semanas antes, um material completo sobre a fauna e flora nativas da região e maneiras de manejo e preservação do meio ambiente.
“Esse material entregamos antes de chegarmos por aqui e, em parceria com os professores, ele é debatido e estudado durante algumas semanas com os alunos. A nossa intenção é formar multiplicadores. Eles aprendem e repassam para os pais, tios, avôs. A intenção é que esse público acabe com velhas práticas, que terminam por danificar o meio ambiente”, disse Pedro Normande, coordenador da equipe.
Durante as visitas, as crianças e adolescentes participam de dinâmicas e gincanas em uma espécie de campeonato. Além disso, eles preparam corais que cantam paródias de músicas conhecidas com temática ambiental. “A chegada da FPI é de grande ajuda para que os alunos aumentem o interesse para as questões ambientais. A escola mantém um trabalho multidisciplinar sobre o assunto. Mas a chegada de técnicos vindos de outro lugar, com outras linguagens e experiências, desperta os alunos para a questão”, disse Michela de Araújo, diretora da Escola Sabino Romaris, em Pariconha.
Gincana, Coral e Paródias
E se depender da empolgação das crianças e adolescentes a ideia dará certo. Para o dia da visita eles preparam apresentações artísticas com coral e paródias tendo como tema o meio ambiente.
“Aprendi coma FPI o que é bioma, a importância de se preservar a mata nativa. Antes eu pensava que caatinga era apenas mato seco, que não podia ser aproveitada. Agora sei a sua importância ara o sertão, que ela pode proteger os rios e os animais”, afirmou Caio da Silva Perboire, estudante de Pariconha.
Ele ainda afirmou que pedirá alguns familiares que soltem os pássaros presos em gaiolas. “Na minha família tem que goste de prender os pássaros em gaiolas. Também acho bonito, mas aprendi que eles são mais felizes e mais importantes soltos. Fico feliz em ter mudado mina visão”.
Outra aluna que aprendeu a importância da preservação do meio ambiente foi a estudante Emily Alves Lima. “Eu agora vou insistir com meu avô para soltar os pássaros que ele tem. Vou também olhar com mais cuidado ao meu redor, do ato de jogar o lixo no chão até a preservação da nossa caatinga”, disse a estudante.
Para a promotora de Justiça do Núcleo de Meio Ambiente do Ministério Público de Alagoas, Lavínia Fragoso, as crianças precisam ser transformadas em multiplicadores do saber. “Nossa geração não soube trabalhar essas questões. Não fizemos a lição de casa. Mas tínhamos poucas informações sobre o assunto. Por isso, temos que passar as informações para essas crianças, e que elas repassem para suas famílias. Assim criamos uma rede de saber e, assim, nasce uma rede de informações de grande importância para o meio ambiente”, disse.