Os sinais existem, mas eles precisam ser percebidos pela família e pelos amigos. Estamos falando da depressão e da automutilação, dois problemas de saúde que acometem milhões de pessoas em todo o mundo. Em Alagoas, o Ministério Público Estadual (MPAL) tem trabalhado para enfrentar esse dois males e a depressão, nesta terça-feira (17), lançou mais um projeto com essa finalidade: o “Mensageiros da Esperança”, que vai desenvolver ações no município de Coruripe.
Coordenado pela promotora de justiça Hylza Paiva Torres, as atividades ocorrerão em parceria com a Associação do Ministério Público de Alagoas (Ampal), a Prefeitura de Coruripe, o Governo do Estado e o Instituto Federal de Alagoas (Ifal).
“Esse é um projeto construído a várias mãos, feito por pessoas comprometidas com a vida. Na rede de apoio que formamos, técnicos das Secretarias Municipais de Educação, Saúde e Assistência Social, do Ifal, entidades religiosas e conselheiros tutelares terão a missão de, ao lado do Ministério Público, ficar sempre atentos, observando casos de alunos – crianças e adolescentes – e pacientes em situação de risco de suicídio, automutilação e depressão. Eles serão os responsáveis pela emissão da ficha única de encaminhamento aos setores formados pelos grupos dos mensageiros da esperança, que são compostos por equipes para orientações, informações e acompanhamento dos casos junto às famílias”, detalhou Hylza Paiva, acrescentando que cartilhas e panfletos serão distribuídos com a população com detalhes relacionados a esses temas.
O lançamento do projeto foi prestigiado por vários promotores de justiça. Estiveram presentes o diretor do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça, José Antônio Malta Marques, as coordenadoras dos Núcleos de Direitos Humanos e de Defesa da Saúde Pública, Marluce Falcão e Micheline Tenório, o presidente da Ampal, Flávio Costa, e o promotor de Coruripe Maurício Mannarino.
Suicídio
No Brasil, em 2015, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina e a Associação Brasileira de Psiquiatria escolheram o setembro para ser o mês dedicado à prevenção do suicídio. Desde então, todos os estados promovem ações, nesse período, da campanha Setembro Amarelo tentam alertar para a importância de se discutir o tema.
Segundo o Ministério da Saúde, não existe uma fórmula pronta para nós detectemos quando uma pessoa está vivendo uma crise suicida. E, exatamente por isso, a instituição reforça o quanto é importante prestar atenção aos sinais que cada indivíduo emite e observar a sua manifestação.
Aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas e súbita preocupação com a morte, associada a uma espécie de falta de esperança são alguns dos sintomas mais graves que podem se manifestar em textos escritos, em falas ou mesmo em desenhos feitos pela pessoa.
O que é automutilação?
A Sociedade Internacional para Estudos de Comportamentos Autolesivos define a automutilação como o “comportamento no qual alguém provoca um dano a uma parte do seu corpo, sem a intenção de tirar a própria vida com essa lesão”.
Segundo estudos, quando se é perguntado a um jovem o que os leva a se mutilar, a resposta deles normalmente é de que esse comportamento ocorre para tentar se reparar “uma dor emocional, uma angústia, uma dor no peito, uma dor na alma”, ocasionados por fatores como pais negligentes, ausentes ou agressivos, violências psicológica, física ou sexual e, ainda, bullying dentro da escola ou cyberbullying, que é o bullying nas redes sociais.
Depressão
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que a depressão será a doença mental mais incapacitante do mundo até 2020. De acordos c dados desse colegiado, 300 milhões de pessoas sofrem desse transtorno no planeta.
A OMS também aponta que o Brasil é campeão de casos de depressão na América Latina, tendo cerca de 6% da sua população, um total de 11,5 milhões de pessoas, sofrendo com essa doença.
E alguns sintomas podem servir de alerta para que familiares e amigos percebam que há alguém depressivo ao lado: medo ou receio, em excesso, de situações que ainda não aconteceram; alterações do sono; tensão muscular; medo de falar em público; medo de lugares fechados ou com grandes aglomerações; inquietações constantes; pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos.
Buscar tratamento médico, tendo o apoio especialmente dos núcleo familiar, é o caminho adequado para curar a depressão.