Incentivar a valorização da vida e adotar ações de prevenção ao suicídio e à automutilação: é com esse objetivo que o Ministério Público do Estado de Alagoas está desenvolvendo uma série de iniciativas dentro da campanha Setembro Amarelo. E as atividades, que começaram na semana passada, ganharam mais um capítulo, nesta sexta-feira (10), durante uma live no Youtube que reuniu a chefia da instituição, o Núcleo de Defesa da Saúde Pública do MPAL e entidades que trabalham com o tema. Durante todo este mês, o órgão ministerial seguirá realizando capacitações e atividades com alunos da rede pública em diferentes municípios alagoanos.
No início da live, o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, destacou deve ser um compromisso coletivo socorrer aquelas pessoas que precisam de ajuda. “O suicídio e as tentativas de suicídio são certamente um problema de saúde pública, pois é uma das causas mais frequente de morte, segundo a Organização Mundial de Saúde. Sabemos que não é fácil compreender o processo que leva alguém a pensar nesse ato, por isso, não nos cabe julgar. A cada um de nós, fica a missão de acolher, ouvir, dar atenção e buscar a rede de atendimento para dar suporte a essas pessoas. Reforço que o Ministério Público está de portas abertas para receber esses casos e auxiliar nos caminhos necessários à recuperação de quem sofre com esse mal”, afirmou o chefe do MPAL.
A promotora de Justiça Micheline Tenório, coordenadora do Núcleo de Defesa da Saúde Pública, também chamou atenção para o fato de que é preciso respeitar a dor do próximo e que os técnicos que atuam nesses segmentos precisam estar atentos aos sinais. “A gente precisa enxergar com mais sensibilidade as pessoas que estão ao nosso redor e procurar compreender aquela fase ou momento em que elas estão necessitando de auxílio. Estender a mão é um gesto simples e que não nos custa nada. Não podemos julgar e nem lidar de forma preconceituosa. Agindo assim, com tolerância, certamente poderemos ajudar aqueles que estão precisando do nosso apoio. Muitas vezes, essas vítimas só querem ser ouvidas, só querem um pouco de atenção”, disse ela, que coordena a “Ação estadual em defesa da vida” do Ministério Público.
Delza Gitaí, presidente do Centro de Valorização da Vida (CVV) Maceió e do Comitê Estadual de Prevenção e Posvenção do Suicídio, lembrou que a entidade, que é filantrópica e formada tão somente por voluntários, oferece atendimento 24 horas, durante os sete dias da semana, por meio do telefone 188. “Quero garantir que nossa equipe está pronta para fazer a escuta empática e com respeito. Quem buscar ajuda no CVV, verá que nós não fazemos qualquer julgamento sobre o sofrimento do outro exatamente por sabermos que cada dor é única e pessoal. Conclamamos a todos a assumirem esse compromisso de cuidar do nosso próximo com a missão de vermos reduzir os dados oficiais. Infelizmente, no Brasil, 32 brasileiros se suicidam por dia, e outras 624 pessoas tentam tirar a própria vida”, informou
Também participaram da live o promotor de Justiça e diretor do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça (Caop), José Antônio Malta Marques; coordenador do projeto Acolhe-me, Carlos Jorge, e o motorista José Carlos da Silva, que deu seu depoimento falando sobre o processo de depressão que enfrentou ano passado e que o fez pensar em tirar a própria vida.
Ações
Desde o início do mês, o projeto “Mensageiros da Esperança”, coordenado pela promotora de Justiça Hylza Paiva) está desenvolvendo capacitações de equipes multidisciplinares e promovendo atividades junto a alunos de escolas públicas. Até o final deste mês, o trabalho seguirá sendo desenvolvido para que aquelas pessoas que receberam o treinamento e as informações possam se tornar multiplicadoras dos ensinamentos.
Para profissionais da saúde, psicólogos, assistentes sociais e professores, a qualificação está sendo ministrada por promotores de Justiça e representantes de instituições que trabalham com o tema. Já com os alunos estão sendo feitas atividades envolvendo palestras, dinâmicas de grupo e jogos educativos que combatem a automutilação, o bullying, a depressão e o suicídio.
Sala amarela
Ao encerrar a live, o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, comunicou que o Ministério Público, em breve, terá a “sala amarela”. O ambiente será completamente preparado para que psicólogos possam escutar membros, servidores, colaboradores e estagiários do MPAL que necessitarem desse tipo de suporte.